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Araucária sobreviveu a asteroide, mas quase foi extinta por exploração desenfreada

Durante a colonização, árvore quase desapareceu junto à etnia indígena Xokleng, que vive em comunhão com a espécie

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FOTOS: Divulgação
Rui Barbosa

O Globo Rural completa 43 anos neste domingo e, na ocasião, homenageia a majestosa árvore do Sul do Brasil: a araucária.

A espécie é uma sobrevivente: ela presenciou a separação dos continentes e o choque do asteroide que exterminou os dinossauros. Mas quase não resistiu à ação humana.

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Assim como a Araucária, a etnia indígena Xokleng também quase desapareceu. A história da árvore é interligada a este povo: um não vive sem o outro.

Em nome do desbravamento do Sul, no tempo do tropeirismo, forças paramilitares eram pagas pelo Estado para matar os indígenas e sequestrar crianças e mulheres jovens.

Neste mesmo contexto, a busca frenética pela madeira destruiu 97% do total de araucárias no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o que colocou a árvore na lista de espécies em risco de extinção.

Hoje, indígenas e pesquisadores lutam para preservar a Araucária. Saiba mais no vídeo acima.

Colheita do pinhão é permitida somente a partir de 1º de abril. Curitiba, 17/03/2016. Foto: Mauro Scharnik/IAP

Colher pinhão nas alturas

Das 19 espécies de araucária que existem no mundo, apenas três produzem o pinhão. Umas delas está no Brasil: a Araucaria Angustifolia, que é a fonte de renda de algumas famílias do Sul.

A extração da pinha, porém, não é simples. Agricultores precisam ter cuidado para não caírem das árvores, já que as pinhas são derrubadas de uma altura de até 30 metros.

O pinhão também é ingrediente de muitas receitas. Mas a mais típica delas é o entrevero.

A receita é uma herança dos tropeiros que, ao desbravarem o Sul do Brasil, precisavam de um alimento calórico para suportar o frio da região e as longas viagens.

Em espanhol, entrevero tem o sentido de confusão e a receita leva esse nome pela “bagunça” dos ingredientes. 

Há 250 mil anos, a araucária já existia e presenciou a separação dos continentes e o choque do asteroide que exterminou os dinossauros – mas ela sobreviveu.

Contudo, uma outra ameaça atingiu a espécie: a exploração no Sul do Brasil para uso da madeira. A matéria-prima foi usada na construção de linhas de trens, esteio para pontes e de base para casas, além de ser um dos principais produtos para exportação.

No Sul do país, as casas de madeira fazem parte da arquitetura rural e urbana, apesar de esse tipo de construção ter se tornado mais escasso. 

Como cozinhar pinhão | Cozinha da Kika

Mudança climática ameaça espécie

As araucárias, que já estão em risco de extinção, podem ficar ainda mais vulneráveis por causa do efeito estufa e do aumento da temperatura média anual em seu habitat natural, aponta um grupo de estudos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Dois cenários são projetados:

  • mesmo em caso de forte redução dos gases do efeito estufa em 20 anos, haveria uma perda de aproximadamente 50% da área de distribuição da araucária;
  • sem novas medidas para controlar a emissão dos gases até 2100, cerca de 77% do habitat da espécie seria perdido.

As chances de sobrevivência da araucária caem em temperaturas acima de 14°C.

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