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Chance de gravidez sem tratamento aos 55 é extremamente rara, afirmam especialistas

Na última segunda (19), a atriz Claudia Raia anunciou que ficou surpreendida ao engravidar do 3º filho aos 55 anos, sem especificar como foi a gestação

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| Foto: Reprodução/Instagram/claudiaraia|
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Os casos de fertilidade naturais para mulheres acima de 55 anos de idade são “extremamente raros”, segundo especialistas ouvidos pelo g1. O motivo é a baixa produção de óvulos nessa faixa etária e a piora na qualidade deles à medida que as mulheres envelhecem.

g1 ouviu médicos após a atriz Claudia Raia anunciar nesta segunda que está grávida do terceiro filho, aos 55 anos. “Tá errado, não pode ser. Eu tenho 55 anos, vocês estão querendo me enlouquecer? […] Não é assim a vida. Eu falei: ‘tô grávida! Como é que aconteceu isso?'”, revelou a artista, sem especificar como foi a gestação.

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Por que a probabilidade de gravidez diminui com a idade?

O serviço de saúde britânico, o NHS, explica que uma mulher que tem menos de 40 anos e que faz sexo regularmente sem usar camisinha ou outros métodos de contracepção possui uma chance de 80% de engravidar dentro de 1 ano.

Porém, a medida que a idade dessa mulher avança, as chances de uma gravidez diminuem. Isso acontece porque, por volta dos 50 anos, a maioria das mulheres começa a entrar na menopausa, ou seja, na fase natural da vida em que a menstruação para de acontecer – o final da vida reprodutiva.

Fábia Vilarino, especialista em reprodução humana e professora da Medicina do Centro Universitário São Camilo, explica ainda que o corpo da mulher realiza um descarte natural dos óvulos (as células femininas) e que, quando a mulher chega próximo dos 40 anos, ela não só tem menos gametas femininos, como células de pior qualidade.

“A diminuição da probabilidade acontece porque durante toda a sua vida a mulher vai perdendo seus óvulos durante os ciclos menstruais. Além disso, os óvulos envelhecem. Esses óvulos sofrem alterações celulares e perdem sua qualidade oocitária”, afirma a médica.

A título de exemplo, segundo a Sociedade Britânica de Fertilidade, quando uma menina nasce, ela tem cerca de 2 milhões de óvulos; quando ela chega à adolescência, ela possui cerca de 400.000 óvulos; já quando está com cerca de 37 anos, ela tem cerca de 25.000 óvulos. À medida em que as mulheres se aproximam da menopausa e dos 51 anos, contudo, elas têm cerca de 1.000 óvulos imaturos, mas estes não são considerados férteis, ainda segundo a organização.

“Uma das coisas que justifica essa queda [da probabilidade] é essa diminuição da quantidade, mas a qualidade também diminui progressivamente a partir dos 35 anos de idade”, acrescenta Maurício Abrão, coordenador do Setor de Ginecologia Avançada da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Aos 40 anos, segundo o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas, cerca de 1 em cada 10 mulheres engravida naturalmente por ciclo menstrual.

Qual a probabilidade exata de uma gravidez a partir dos 50 anos?

Não existe uma estatística ao certo dos casos de gravidez a partir dos 50 anos (quando geralmente a mulher está na menopausa). Vilarino explica, porém, que, como essas gestações são muito pontuais, principalmente se forem naturais, os casos são “extremamente raros”.

“A chance é de praticamente zero. Logicamente ,não podemos dizer que é de zero, porque mulheres são diferentes, suas fisiologias também. Não sei se dá para comparar como acertar na Mega-Sena, mas é algo muito, muito raro”, diz a especialista.

Já Abrão acrescenta ainda que, após os 50 anos, as chances de engravidar com óvulos próprios, sem fertilização, é baixa, embora possível. “Não sei se é possível [mensurar os casos em] um número perto de 1% ou 2%, mas é algo muito baixo”.

A partir dos 45, quais técnicas de reprodução são indicadas?

A ginecologista Fábia Vilarino explica que, quando um mulher já não tem uma capacidade reprodutiva adequada (geralmente perto dos 45 ou 55 anos), ou as chances de reprodução são muito baixas, a ovodoação costuma ser o procedimento indicado.

Nesses casos, uma doadora anônima fornece os óvulos à paciente, para que ocorra a fecundação e, posteriormente, o embrião seja transferido para o útero da receptora.

“Com isso, a gente tem uma chance melhor de gestação e ela pode evoluir até os noves meses. A diferença disso para uma gestação espontânea é que você está utilizando óvulos jovens, então temos mais chances de uma gestação bem-sucedida”, diz.

Além disso, para evitar o problema da quantidade e qualidade dos óvulos, a especialista explica que as mulheres que congelaram seus gametas na faixa dos 30 e 35 anos podem recorrer ao procedimento.

“E isso é uma coisa que está acontecendo a cada ano com maior frequência. As mulheres têm uma tendência a adiar a gestação, geralmente para terminar a faculdade, se estabelecer no emprego, ter um relacionamento estável e isso, muitas vezes, não acontece quando a mulher é jovem”, ressalta.

“Quando a mulher faz fertilização in vitro com ovodoação, a chance de gravidez sobe para 70% independente da idade da mulher”, afirma Silvana Chedid, ginecologista do Hospital Sírio-Libanês.

“Mesmo que a mulher tenha mais de 50 anos, a chance de gravidez com esse procedimento é bem alta. Caso ela tenha o congelamento antes dos 30 essa taxa ainda é de 70%, mas se ela congela depois dessa idade, esse índice vai diminuindo”, acrescenta Chedid.

Quais os riscos de uma gravidez para mulheres mais velhas?

Uma mulher que engravida a partir dos 40 anos de forma natural tem maior risco de desenvolver doenças e problemas gestacionais.

De acordo com o Ministério da Saúde, após os 45 anos essas gestações são consideradas com idade materna muito avançada e as mulheres apresentam com maior frequência doenças crônicas, estando mais propensas a desenvolverem condições que podem afetar o sucesso da gestação, como a obesidade, o diabetes gestacional e a hipertensão arterial.

“Hoje, a saúde das mulheres de 50, 55 anos porém é muito melhor que há 30 anos atrás. Então, é óbvio que a mulher que se cuida, que se exercita, que não tem sobrepeso e que possui uma pressão normal, vai ter uma gravidez boa de forma geral”, ressalta o ginecologista Maurício Abrão.

O especialista ressalta porém, que o cuidado pré-natal nesses casos é fundamental.Nessas gestações, é comum também o caso de alterações cromossômicas no caso dos bebês que podem ser diagnosticadas logo cedo por meio de testes genéticos.

“Mas os riscos para o bebê de uma forma geral são os riscos de uma complicação na gravidez, como a diabetes, prematuridade etc. Mas a gente sabe que, com um pré-natal bem feito, tudo isso pode ser prevenido”, destaca o médico.

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