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Saúde

Em um ano, hospital paranaense atende mais de 600 crianças e adolescentes vítimas de violência

A violência predominante é a sexual, totalizando 55% dos casos atendidos

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Fachada do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, com faixas incentivando a denúncia de violência contra crianças e adolescentes | FOTO: Wynitow Butenas/Hospital Pequeno Príncipe
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A violência sexual é a ocorrência mais comum entre os atendimentos de crianças e adolescentes no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba (PR). Dos 600 casos de violência contra crianças, entre eles, casos de maus-tratos e negligência, 344 foram de crianças de até 12 anos vítimas de violência sexual.

Segundo dados da unidade de saúde, em 2021 foram 618 atendimentos – crescimento de 11% em relação aos dados de 2020. E todos os anos, segundo levantamento do hospital, a violência predominante é a sexual, totalizando 55% dos casos atendidos.

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A coordenadora do serviço social do Hospital Pequeno Príncipe, Rosane Moura Brasil, diz que a maioria das vítimas foram violentadas pelo próprio pai ou por alguém de confiança, como tio, padrasto, avô.

“Muitos bebês e crianças chegam muito machucados e nosso trabalho é acionar toda rede para proteger essa vítima de uma violência ocorrida dentro da sua própria casa”, explica. Os criminosos, em 60% dos casos, fazem parte do círculo familiar.

PERFIL DAS VÍTIMAS

Dados do hospital mostram que as meninas são as principais vítimas de violência sexual (78% dos casos) e o que mais assusta é a idade delas: a maioria tem entre 4 e 7 anos.

“Até alguns anos atrás, eram meninas na faixa etária dos 10 anos, agora são meninas ainda menores”, comenta. Já com meninos, os casos de violência sexual são de crianças menores de 3 anos.

Rosane diz que para a criança chegar ali vítima de violência sexual, negligência ou maus-tratos, alguém falhou na proteção dela.

“Seguimos todo um protocolo de acionar Conselho Tutelar, IML, polícia e fazer o quanto antes a profilaxia para a criança não desenvolver uma IST [infecção sexualmente transmissível]. Se a profilaxia for dada em até 72h após o ato, previne mais de 90% das ISTs”, afirma.

“Precisamos ter olhar atento para a criança pois ela dá sinais de que algo está acontecendo”, diz Rosane Moura Brasil, coordenadora do serviço social do hospital infantil.

“Ao saber de um caso de violência sexual, é importante trazer a criança imediatamente ao hospital, sem dar banho, com a roupa que estava, para que sejam coletadas provas que possam comprovar o abuso e quem foi o abusador”, comenta.

Ela diz que a sociedade deve ficar atenta e denunciar caso note, por exemplo, algo com uma criança que pode ser vizinha ou colega da criança na escola.

“Denuncie. Se nada acontecer, denuncie de novo. A denúncia é anônima e a única forma de proteger as crianças que nem sempre conseguem falar sobre a violência sofrida, pois recebem ameaças.”

A coordenadora diz que é importante que pais e cuidadores, inclusive professores na escola, fiquem atentos aos sinais que a criança e o adolescente dão.

“Normalmente eles mudam de comportamento, ficam mais agressivos, isolados, perdem interesse em atividades que antes gostavam, como um esporte, por exemplo. Precisamos ter olhar atento para a criança, pois ela dá sinais de que algo está acontecendo”, comenta.

O Instituto Liberta criou recentemente o movimento #AgoraVcSabe e tem coletado vídeos de adultos que foram vítimas de violência sexual na infância para fazer um levante virtual e cobrar políticas públicas neste assunto. A próxima passeata virtual acontece em junho.

SINAIS DE CRIANÇA PODE ESTAR SENDO VÍTIMA

  • Fica mais isolada e triste
  • Não quer ir na casa de determinada pessoa
  • Começa a se recusar a abraçar determinada pessoa
  • Passa a ter pesadelos, fica mais agressiva e irritada
  • Dificuldade para andar
  • Não controla mais o esfíncter – passa a fazer xixi e fezes na calça
  • Lesões pelo corpo
  • Roupa íntima rasgada
  • Sangue na roupa íntima

Depois da violência sexual, a negligência foi o segundo maior número de casos. Ao todo, 150 crianças foram atendidas por esse motivo.

“A negligência também mata. Um paciente de 11 anos tinha um corte no joelho e ninguém cuidou. Ele teve uma infecção generalizada e morreu por falta de cuidados básicos”, recorda a coordenadora.

AUTOAGRESSÃO

Além dos casos de abuso, o hospital notou aumento de pacientes internados por autoagressão. Em comparação com 2020, houve aumento de 173%. Ao todo, foram 52 crianças e adolescentes atendidos no ano passado, quando, em 2020, foram 19.

Algumas dessas vítimas, segundo Rosane, já foram abusadas e passam a ter ideação suicida. Outras praticam a autoagressão por serem vítimas de bullying ou por desenvolverem depressão ou outros problemas psicológicos após o isolamento social na pandemia.

A autoagressão muitas vezes é decorrente de violência psicológica, mais difícil de ser identificada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) a descreveu como ameaças e intimidação, discriminação, rejeição e outras formas não físicas de tratamento hostil.

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