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Sidney Poitier, primeiro negro a ganhar Oscar de melhor ator, morre aos 94 anos

Ele ganhou a estatueta por ‘Uma voz nas sombras’, em 1964; notícia foi confirmada por Ministro nas Relações Exteriores das Bahamas, país de origem do ator

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|Foto: Arquivo/Portal Rondon|
Providência

Morreu nesta sexta-feira, aos 94 anos, o ator Sidney Poitier. O astro era conhecido por filmes como “Adivinhe quem vem para o jantar” (1967), “No Calor da Noite” (1967), “Ao mestre, com carinho” (1967) e “Uma voz nas sombras” (1963). Este último lhe rendeu o Oscar de melhor ator em 1964 e fez dele o primeiro negro a ganhar o prêmio. Isso só se repetiu 38 anos depois, com Denzel Washignton levando a estatueta por “Dia de treinamento”. Coincidentemente, foi na mesma cerimônia em que Poitier recebeu o Oscar pelo conjunto da obra.

A notícia da morte foi anunciada por Fred Mitchell, ministro das Relações Exteriores das Bahamas, país de origem de Poitier. A causa da morte não foi revelada. Sidney tinha dupla cidadania, já que nasceu inesperadamente em Miami durante uma visita dos pais aos Estados Unidos. Ele cresceu nas Bahamas, mas mudou-se para a América aos 15 anos.

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Poitier chegou a receber duas indicações ao Emmy de melhor de telefilme na década de 1990: uma delas por interpretar Nelson Mandela, no filme para TV “Mandela and De Klerk” (1997).  Ao todo, ele recebeu 27 prêmios na carreira e mais de 40 indicações.

Direitos civis

Poitier ganhou destaque quando a luta pelos direitos civis estava começando a progredir nos Estados Unidos. Seus papéis tendiam a refletir os objetivos integracionistas e pacíficos do movimento.

“É uma escolha, uma escolha clara”, disse Poitier sobre seus papéis cinematográficos em uma entrevista de 1967. “Se a estrutura da sociedade fosse diferente, eu gritaria aos céus para bancar o vilão e lidar com diferentes imagens da vida do negro, com outras dimensões. Mas eu serei amaldiçoado se eu fizer isso nesta fase do jogo.”

Na época, Poitier era um dos atores mais bem pagos de Hollywood e um dos maiores geradores de bilheteria, classificado em quinto lugar entre os atores masculinos na pesquisa da revista Box Office com proprietários de teatros e críticos; ele estava atrás apenas de Richard Burton, Paul Newman, Lee Marvin e John Wayne. No entanto, a barreira racial não permitiria que Hollywood o colocasse como um ator romântico, apesar de sua boa aparência.

“Pensar no homem negro americano em circunstâncias sócio-sexuais românticas é difícil, você sabe”, disse ele a um entrevistador. “As razões são muitas, demais para detalhá-las.”

Ser ‘bonzinho’ era um avanço

Poitier frequentemente se encontrava interpretando personagens “bonzinhos” e limitadores que, no entanto, representavam um importante avanço em relação aos papíes degradantes oferecidos por Hollywood no passado. Em “No Way Out” (1950), ele interpretou um médico perseguido por um paciente racista, e em “Cry, the Beloved Country” (1952), baseado no romance de Alan Paton sobre racismo na África do Sul , ele apareceu como um jovem padre. Seu personagem em “Blackboard Jungle” (1955), um aluno problemático de uma igualmente problemática escola pública de Nova York, vê a luz e acaba ficando do lado de Glenn Ford, o professor que tenta alcançá-lo.

Em “Acorrentados” (1958), uma fábula racial que o estabeleceu como uma estrela e lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor ator, ele foi um prisioneiro em fuga, algemado a um outro presidiário (e racista virulento) interpretado por Tony Curtis. O prêmio de melhor ator veio em 1964 por sua atuação no filme de baixo orçamento “Uma voz nas sombras”, como um faz-tudo itinerante ajudando um grupo de freiras alemãs a construir uma igreja no deserto do Sudoeste Americano.

Em 1967, Poitier apareceu em três dos filmes de maior bilheteria de Hollywood, elevando-o ao pico de sua popularidade. “No calor da noite” o colocou ao lado de Rod Steiger, como um xerife indolente e fanático, com quem Virgil Tibbs, o detetive da Filadélfia interpretado por Poitier, deve trabalhar em uma investigação de assassinato no Mississippi. (Em uma fala que ficou famosa, o detetive insiste que o xerife o respeite: “Eles me chamam de Senhor Tibbs!”)

Em “Ao mestre, com carinho”, ele era um professor preocupado com seus alunos em em um escola secundária de Londres. Em “ Adivinhe quem vem para o jantar ”, filme que quebra o tabu sobre um casal inter-racial, ele interpretou um médico negro que testa os princípios liberais de seus futuros sogros, interpretado por Spencer Tracy e Katharine Hepburn.

Ao longo de sua carreira, o peso de ser ícone racial pesou sobre Poitier e os personagens que ele interpretou. “Eu me sentia como se estivesse representando 18 milhões de pessoas a cada movimento que fazia”, escreveu ele certa vez.

Apesar de seu papel em mudar as percepções americanas sobre raça e abrir as portas para uma nova geração de atores negros, Poitier era modesto sobre sua carreira. “A História vai me apontar apenas como um elemento menor em um grande evento em andamento, uma pequena, ainda que necessária, energia”, escreveu ele. “Mas, mesmo assim, estou satisfeito por ter sido escolhido.”

Em 1951 casou-se com Juanita Marie Hardy, dançarina e modelo, de quem se divorciou em 1965. Tiveram quatro filhas. Em 1976, ele se casou com Joanna Shimkus, sua co-estrela em “O homem perdido” (1969). Eles tiveram duas filhas. Além das seis descendentes, ele deixa oito netos e três bisnetos.

Com informações de O Globo

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