Economia
Extração ilegal de ouro avança em terra indígena em MT e polui água e solo
Pesquisadora diz que a contaminação pode mudar o processo de reprodução dos peixes
A extração ilegal de ouro na Terra Indígena Sararé, em Pontes e Lacerda (MT) avançou nos últimos anos e, atualmente, são três grandes garimpos na região, com forte impacto ambiental. Além do desmatamento, a atividade polui o solo e a água dos rios.
A pesquisadora Áurea Ignácio, da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), diz que a contaminação pode mudar o processo de reprodução dos peixes.
“Contamina a água, contamina o solo, contamina o sedimento, contamina os peixes e quem comer o peixe acaba se contaminado, pode alterar o processo reprodutivo, pode alterar o processo respiratório, são diferentes e bem prejudiciais os efeitos do mercúrio”, disse.
Cerca de 180 indígenas da etnia Nambikwara vivem na terra indígena Sararé, localizada entre os municípios de Conquista d’Oeste, Nova Lacerda e Vila Bela da Santíssima Trindade. Antes de começar a operação, a área foi cercada e os acessos bloqueados.
“Tudo que afeta esse meio ambiente, que afeta o rio, a natureza, afeta diretamente o povo indígena que depende dela. Os donos das máquinas vão responder por desmatamento, mineração ilegal e usurpação de bens da união e em alguns casos, também por posse ilegal de arma e organização criminosa”, afirmou Edimar Kejejeu, Federação dos Povos Indígenas de Mato Grosso.
Na área há vários acampamentos de garimpeiros. A ação criminosa é alvo de uma operação deflagrada nesta semana.
“Não é só o fato de ser um garimpo sem autorização legal é que é impossível ter autorização legal na legislação atual, dentro de terra indígena”, disse o delegado da Polícia Federal, Helano Medeiros Lima.
A operação conjunta é feita pela Polícia Federal, Ibama, Policia Rodoviária Federal, Funai, e Força Nacional.
Essa é a quinta operação realizada na terra indígena só neste ano. Foram apreendidas 40 máquinas e 200 motores usados na extração de outro.
Segundo a polícia, o objetivo é encontrar e punir os donos do negócio a Força Nacional vai permanecer no local até abril do ano que vem para impedir o retorno dos garimpeiros.
A operação tem apoio dos indígenas que moram na área.
Os donos das máquinas vão responder por desmatamento, mineração ilegal e usurpação de bens da união e em alguns casos, também por posse ilegal de arma e organização criminosa.