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Após sofrer violência doméstica, paranaense busca acolher e apoiar mulheres vítimas do crime: ‘É possível se reencontrar’

Luiza Oro sofreu agressões físicas e ameaças de ex-namorado; ela passou mais de um mês na UTI. Mais de 18 mil casos de violência doméstica foram registrados no Paraná nos primeiros cinco meses de 2021.

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Advogada, Luiza acompanhou casos de mulheres vítimas de violência — Foto: Arquivo Pessoal/Marinete Luiza Oro
Providência

Entre a superação de um trauma que deixa cicatrizes profundas e a volta por cima, o caminho é longo e difícil. Apesar das dores das violências ficarem para trás, voltar à memória do que um dia foi a realidade pode ser uma tarefa árdua – e que exige apoio.

Por isso, a paranaense Marinete Luiza Oro, de 59 anos, encontrou na própria história de dor e traumas da violência que sofreu dentro de casa uma forma de prestar apoio a outras mulheres que, assim como ela, sobreviveram a esse crime.

Dr Rodrigo Dentista

Só de janeiro a maio deste ano, dados do Tribunal de Justiça de Paraná (TJ-PR) apontam que o Paraná registrou mais de 18 mil casos de violência doméstica.

“É possível você dar a volta por cima, se reencontrar. Porque você se perde nessa violência. Você perde a sua essência. É como se tirassem o teu elixir da vida, da tua alma e jogassem no lixo. Então essa reestruturação mental, espiritual, essa reestruturação física, ela é possível” afirmou.

Luiza é advogada por formação e acompanhou muitas mulheres vítimas de violência — Foto: Arquivo Pessoal/Marinete Luiza Oro
Luiza é advogada por formação e acompanhou muitas mulheres vítimas de violência — Foto: Arquivo Pessoal/Marinete Luiza Oro

Luiza foi vítima dos mais diferentes tipos de violência doméstica praticada por um ex-namorado. A advogada foi alvo de ameaças, agressões físicas, gritos e violência psicológica.

Perto do fim do relacionamento, segundo ela, foi também vítima de uma tentativa de feminicídio por envenenamento, em 2017.

“Foi um café da manhã. Ele me ofereceu um suco de laranja, e tinha que ser aquele copo, e depois lembro de começar a passar mal. Fui parar no hospital e passei mais de um mês internada em uma UTI, em coma. Quase morri, por um milagre estou aqui, com sequelas, mas sobrevivi”, relembrou.

À época, Luiza teve parada cardiorrespiratória, mas resistiu após manobras médicas.

Ela perdeu a visão, os movimentos e teve sequelas cerebrais. Hoje, recuperou cerca de 50% da visão dos dois olhos.

Ela também precisou reaprender a viver do zero ações básicas, como falar, comer, andar e escrever.

O caso em questão virou alvo de um inquérito da Polícia Civil. O g1 tenta contato com a corporação para saber o andamento da investigação.

Depois disso, para Luiza, sobreviver se tornou uma missão de acolher outras mulheres. Atualmente, ela é vice-presidente do Comitê Internacional dos Direitos e Interesses da Mulher Global, onde atua em defesa dos direitos das mulheres, inclusive a partir dos próprios conhecimentos de direito.

A moradora de Curitiba tem também o sonho de abrir um grupo de acolhimento, que oferecerá atendimento e orientaçãoa mulheres vítimas de violência.

“Qualquer indício que você perceber que está acontecendo, por menor que seja, tem que dar ouvidos, para que não evolua para algo maior ou sem mais volta. Você vai passar por essa fase, por essa metamorfose. Tem sua dor, mas na hora certa vai pode abrir as asas e voar e ver que a liberdade de alma e de mente é só sua, que você é uma criatura linda. Isso é tirado de você, mas você é uma criatura linda e pode voar”, ressaltou.

Paranaense tenta por meio da própria história prestar apoio e suporte a outras vítimas de violência contra a mulher — Foto: Arquivo Pessoal/Marinete Luiza Oro
Paranaense tenta por meio da própria história prestar apoio e suporte a outras vítimas de violência contra a mulher — Foto: Arquivo Pessoal/Marinete Luiza Oro

Luiza também é apresentadora de um programa em um canal comunitário. Segundo ela, a atração é voltada para contar histórias de mulheres vítimas dessa violência inaceitável para promover o empoderamento feminino.

Violência contra a mulher

No Paraná, durante todo o ano ano passado, houve registro de 43.038 casos de violência doméstica e 211 feminicídios, quando uma mulher é morta pelo simples fato de ser mulher, segundo o TJ.

Considerando apenas os dados do primeiro semestre deste ano, o índice apresentou alta em relação ao mesmo período de 2020. Foram 27.881 ocorrências de violência doméstica contra a mulher no estado, alta de 1%.

Os números são da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).

A pasta também aponta que o número de pessoas detidas até agosto de 2021 por violência doméstica foi de 3.968, somando prisões em flagrante, cumprimento de mandado e também apreensão de menor em flagrante.

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