Policial e Trânsito
Investigações apontam que policiais foram presos por cobrar propina, em Foz do Iguaçu, diz Corregedoria da PM
Conforme denúncia, suspeitos pediram R$ 400 mil para liberar uma carga de contrabando; eles podem responder pelos crimes de concussão, peculato e prevaricação
As investigações da Corregedoria da Polícia Militar (PM) apontam que os quatro policiais presos em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, na terça-feira (26), são suspeitos de cobrar propina de cidadãos na cidade.
Conforme a denúncia, obtida com exclusividade pela RPC, os policiais presos estavam sendo monitorados pela corregedoria.
Na decisão que determinou a prisão deles, o juiz Leonardo Bechara Stancioli, da Vara da Justiça Militar, afirmou que os policiais Gustavo Cavalheiro e Ubirajara Benitez, em 10 de junho de 2021, repassaram informações para a equipe composta por Lorena Vieira e Moises de Andrade Junior.
Eles orientaram os militares, conforme o documento, a realizar a abordagem de um caminhão que transportava mercadorias do Paraguai e exigir vantagem econômica para liberar a passagem do veículo.
Os PMs encontraram mais de R$ 1 milhão em mercadorias no veículo.
De acordo com as investigações, logo na sequência, os policiais Lorena Vieira e Moises de Andrade Junior abordaram o caminhão e exigiram a prestação de R$ 400 mil do proprietário da carga, para não apreender os produtos.
As investigações apontam que Moises, naquela mesma data, às 22h, aparentemente, recebeu R$ 60 mil.
Ainda de acordo com a denúncia, os policiais passaram a fazer patrulhas perto da casa do empresário, com o objetivo de forçar o pagamento do restante da propina.
Conforme as investigações, no 30 de julho de 2021, Gustavo e Ubirajara, supostamente, permaneceram parados na esquina do domicílio da vítima por cerca de cinco minutos.
O juiz destacou, na decisão, que Moisés Junior e Lorena Vieira foram até o escritório do empresário no Paraguai para receber parcelas da propina.
Os quatro policiais militares foram presos em casa e seguem detidos, nesta quinta-feira (28), no 14º batalhão, em Foz do Iguaçu, e passaram por audiência de custódia.
Prisões
Os quatro policiais militares foram presos durante a Operação Dominó, que cumpriu seis mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão e de suspensão de função pública contra os policiais que atuam na 1ª Companhia do 14º Batalhão da Polícia Militar.
Um quinto policial foi flagrado com uma porção de drogas e foi preso em flagrante. Ele assinou um termo circunstanciado e foi liberado.
As investigações apuram denúncias de prevaricação, que é o delito cometido por funcionário publico por má-fé ou para satisfazer interesses próprios ou de terceiros.
Além de peculato, que consiste em furto ou apropriação de bens ou valores públicos, e concussão, que é o crime contra a administração pública.
O que dizem os envolvidos?
A defesa de Moises Andrade Junior afirmou que provará que o cliente é inocente.
A advogada de Lorena Vieira disse que pediu a revogação da prisão e que ainda não teve acesso aos autos.
A defesa de Ubirajara Benitez destacou que o contexto em relação a ele foi desvirtuado e que a inocência será provada durante o processo.
A defesa de Gustavo Cavalheiro não se manifestou.
O comando da PM disse que não compactua com qualquer desvio de conduta e tem como objetivo principal a garantia de bem estar e segurança de todos os paranaenses.