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Primárias de eleições para o Legislativo na Argentina mostram que frente de governistas deve perder para a oposição
As primárias indicam que a coalizão da oposição vencerá nas eleições para o Legislativo na maioria dos distritos. A frente governista perdeu até mesmo em seu principal reduto
O governo de Alberto Fernández sofreu uma derrota nas eleições primárias do domingo (12) e isso poderá implicar a perda do controle do Senado e uma diminuição da bancada governista na Câmara dos Deputados.
Na Argentina há eleições para renovar uma parte do Legislativo no meio do mandato do presidente – essa votação acontecerá no dia 14 de novembro.
A coalizão governista pode perder a maioria que possui atualmente no Senado. Na Câmara, o governo tem minoria e precisaria de 10 cadeiras a mais para conquistar a maioria.
O sistema eleitoral argentino obriga as frentes eleitorais a fazer uma votação primária –ou seja, os eleitores escolhem quem deve ser o candidato de cada partido. Como um eleitor só pode votar em um nome para um partido, essas primárias também refletem qual é a preferência que cada frente tem entre o eleitorado.
As duas principais coligações políticas da Argentina são Juntos, da oposição, e Frente de Todos, do governo. A Juntos, liderada pelo ex-presidente Mauricio Macri, venceu na maioria dos distritos do país.
Derrota na província de Buenos Aires
Maria Eugenia Vidal, ex-governadora da província de Buenos Aires, e Horácio Larreta, prefeito da cidade de Buenos Aires, em 12 de setembro de 2021 — Foto: Raul Ferrari / Telam / AFP
O resultado foi ruim para o governo até mesmo em um de seus principais redutos, que são as cidades do entorno de Buenos Aires. Na província de mesmo nome (que não inclui a capital), com mais de 76% da apuração encaminhada, a Juntos teve 38,3% dos votos, contra 33,5% da Frente de Todos.
Na cidade de Buenos Aires, onde a direita é mais forte, os números são ainda mais duros para o governo. Com 96% das urnas apuradas, a Juntos registrava 48,27% dos votos, contra 24,62% da aliança de Fernández.
“É um cenário catastrófico para o governo, Com estes números, a perspectiva é que o triunfo opositor deve ser consolidado dentro de dois meses”, disse o cientista político Carlos Fara.
Reação de Fernández
“Todos escutamos o veredicto das pessoas com respeito e muita atenção”, declarou Fernández, ao lado dos principais dirigentes de seu partido, após o anúncio dos resultados.
“A partir de amanhã (segunda-feira) vamos trabalhar para que em novembro nos acompanhem porque seguimos convencidos que estamos diante de dois modelos de país, um que inclui a todos e outro que deixa muitos de lado”, disse.
Primárias marcadas pela pandemia
As primárias foram marcadas pela pandemia de Covid-19, que adiou as votações devido a medidas sanitárias.
Eleitores na cidade de Buenos Aires, em 12 de setembro de 2021 — Foto: Alejandro Pagni / AFP
A pandemia causou mais de 113 mil mortes em 5,5 milhões de casos no país, com uma diminuição acentuada nas infecções nas últimas semanas, à medida que a vacinação avança. Mais de 63% dos 45 milhões de habitantes da Argentina receberam uma dose e 40% já foram totalmente imunizados.
Um total de 34 milhões de pessoas estavam registradas para votar. O índice de participação foi um pouco superior a 67%.