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Unioeste Marechal; Projeto de Educação Física busca a inclusão de crianças e adolescentes na prática do Judô

O projeto conta com o contato frequente com as escolas da cidade

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Rui Barbosa

Entre os vários projetos realizados pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) campus Marechal Cândido Rondon, e voltados à comunidade está o “Futuro do Judô: Iniciação e alto nível através do esporte social”. Ele teve início no final do ano de 1997, coordenado pelo professor Edilson Hobold, o programa tem como propósito oferecer aulas e treinos de judô para estudantes de escolas públicas do município de Marechal Cândido Rondon. Ao longo desses anos, já foram atendidos mais de 4.000 crianças e adolescentes.

Segundo Edilson, o projeto conta com o contato frequente com as escolas da cidade. A cada ano, são abertas em torno de 120 vagas, divididas entre 10 a 20 para cada colégio, quem indica os alunos para participar do projeto são os diretores das escolas. “Apesar de todo ano ter essa entrada grande de alunos, muitos deles permanecem conosco por muitos e muitos anos”, comenta Edilson. O projeto também é uma porta para o curso de educação física na universidade, “nós temos ex-alunos, que devido ao projeto iniciaram ou já concluíram o curso de educação física”, conta o professor. Alguns, ainda, continuam como professor de judô na cidade e na região. Além disso, os acadêmicos de educação física bacharelado da Unioeste também estão presentes no projeto, anualmente, são abertas vagas para monitores, acadêmicos que auxiliam no programa.

Charles Pinturas

As parcerias são indispensáveis para a continuidade do projeto, uma das grandes aliadas nisso é a Secretaria de Esportes de Marechal Cândido Rondon, que muitas vezes fornece transportes, estadia e alimentação para os alunos quando vão para competições. Outro grande parceiro é o Colégio Luterano Rui Barbosa, um colégio particular da cidade que oferece bolsas de estudo a alunos carentes e destaques no judô. Além das bolsas, é no colégio a sede da Associação de Judô Fujiyama de Marechal Cândido Rondon, a principal parceira do projeto, pois legaliza a prática do judô na Unioeste.  Para que um projeto social possa se manter, são necessários patrocínios com empresas privadas, que por exemplo, colaboram com a aquisição de quimonos e faixas. Além dessas parcerias, uma muito importante é com a Federação Paranaense de Judô, que possibilita a promoção oficial de faixas dos alunos com reconhecimento em nível nacional e também para que esses alunos possam participar em eventos oficiais, tanto campeonatos regionais, estaduais quanto nacional, e já tiveram alunos que participaram de eventos internacionais.

Judô e aprendizado

A prática do judô oferece muitos benefícios, inclusive contribui para a formação do caráter das crianças, “o judô tem incutido na sua origem, a filosofia, a educação, a disciplina e nós trabalhamos muito nessa linha, esse é o nosso objetivo principal com a prática do judô”, diz Edilson, isso vem para contrariar a ideia de que o objetivo do judô é a competição. Outro ponto é auxiliar na formação educacional, disciplinar, contribuir com as crianças, já que a maioria vem de classes mais baixas financeiramente e de escolas públicas “para eles poderem mudar de faixa, eles têm que manter um bom desempenho escolar, se não estão indo bem na escola, damos uma seguradinha na promoção da faixa para eles saberem que precisam se dedicar mais, que precisam estudar mais, e quando conseguem melhorar as notas na escola, a gente promove de faixa, então tudo isso serve de estímulo para se dedicarem tanto aos estudos quando a prática do judô”, afirma o professor. Com isso, a Unioeste pensa que não está formando apenas atletas, mas também o futuro.

O projeto, mesmo sendo de uma instituição pública como um projeto social, atua de forma igualitária com alunos de qualquer entidade particular, como competições, cursos, eventos, a cerimônia de entrega de faixas é feita junto com outras escolas de judô, justamente para haver essa integração entre os alunos. A promoção de faixas, por sua vez, é feita duas vezes por ano, então os alunos estudam, se preparam para que possam passar de faixa no judô, “os nossos alunos prestam avaliação teórica e prática para poder receber a próxima faixa”, completa Edilson.

Conquistas

O programa já obteve resultados bastante expressivos em relação às competições. Vários alunos medalhistas estaduais, nacionais e três deles já integraram a seleção brasileira de judô, o professor Edilson comenta que “são atletas destaques, atletas que chegaram em um nível competitivo extremamente alto”.

Inclusão social

Com tudo isso, o projeto é muito receptivo ao se tratar de alunos. A grande maioria dos alunos é de crianças em vulnerabilidade social, mas também é trabalhado com adolescentes infratores, pois já existiu uma parceria com o juizado da infância do município; já trabalharam com crianças com síndrome de down e alunos com deficiência auditiva e visual.

Essa inclusão social também é muito benéfica à saúde física e mental dos alunos, como no caso de Gustavo Hanke, de 17 anos, que é deficiente visual total, atleta de judô na Unioeste há mais de oito anos, já foi diversas vezes campeão estadual, tem três títulos de campeão nacional na categoria de deficiência visual e é bolsista no programa paraolímpico brasileiro do Comitê Olímpico do Brasil – COB. Para ele o judô é um grande aprendizado de vida, e enxerga o esporte como um complemento em diversas áreas, “o projeto é muito bom, não só permitindo que algumas pessoas tenham um condicionamento físico melhor, mas também ensinando muitas coisas, o respeito, a disciplina, e também a nunca desistir”, diz Gustavo.

O atleta busca no judô, evoluir como pessoa e melhorar a cada dia e ainda afirma “o judô me ajuda no equilíbrio, em um melhor condicionamento tanto físico quanto emocional, já que o treino físico pode ser muito bom para diminuir o estresse”.

Além disso, Gustavo comenta como se sente participando do projeto e admira o seu relacionamento e o profissionalismo dentro dele “eu me sinto honrado fazendo parte do projeto, já que mesmo sendo cego não foi negada a possibilidade de participar, o que mostra que os professores fazem o máximo possível para ensinar as pessoas este esporte incrível que é o judô”.

O professor Edilson, acredita muito no potencial de Gustavo e busca investir o máximo nele, para que o atleta obtenha ainda mais conquistas no futuro, os Jogos Paralímpicos Paris em 2024, por exemplo, está nos planos “nós estamos já visando uma preparação do Gustavo, quem sabe, para ele participar da paralimpíada, que será em Paris em 2024”, comenta Edilson.

Na pandemia

No ano de 2020 não foi possível a realização das aulas de judô, devido a pandemia. Porém em janeiro de 2021 o projeto já retornou com as atividades, tomando todos os cuidados necessários para evitar a contaminação da covid-19.  Porém foi um grande desafio desenvolver o judô sem o contato físico, em alguns momentos o aluno treina de forma individual, quando chega a hora dos golpes foi utilizado o “treinamento com sombras”, além de outras formas encontradas para suprir esses movimentos, como a utilização de cones e demais materiais para o desenvolvimento da parte técnica. “Felizmente não tivemos nenhum caso da doença até o momento dentro do nosso grupo”, conta Edilson.

Enquanto as atividades presenciais não eram permitidas, os monitores e professores não ficaram parados. Foram realizados diversos cursos e palestras de forma remota, ofertados tanto pela Federação Paranaense de Judô como pela Confederação Brasileira de Judô e também pela Confederação PanAmericana de Judô, os cursos foram de nível estadual, federal e internacional. Além disso, os alunos tiveram a oportunidade de participar de eventos funcionais, como o Campeonato Brasileiro Funcional, Campeonato Paranaense Funcional, onde eles participavam de casa mesmo, realizando uma série de exercícios, educativos de queda, golpes de judô, o professor comenta que “alguns dos nossos alunos mais velhos participaram desses eventos remotos justamente para evitar a desmotivação deles”.

Pesquisa e Extensão

A Unioeste, como universidade pública, tem seu foco no tripé: ensino, pesquisa e extensão, e o projeto vem de encontro a esse princípio, pois os alunos da Unioeste estão inseridos a todo momento nas aulas. “Em um projeto de extensão nós temos a parte do ensino, que os nossos alunos praticam, eles estão constantemente ministrando os treinamentos; participam de cursos para melhoria” comenta Edilson. Além do ensino, a pesquisa também está presente no projeto, pois avaliam os alunos do judô em questão de peso, estatura, percentual de gordura, diâmetros e perímetros corporais, e uma bateria de testes motores, que normalmente são testes de potência, força, flexibilidade, agilidade, velocidade, resistência cardiorrespiratória e um teste específico de judô.

Em anos “normais”, é realizada essa coleta de dados das crianças em três períodos diferentes. Com isso, vão montando um banco de dados para serem elaborados artigos científicos, monografias, trabalhos de conclusão de curso, além das apresentações em congressos dentro e fora da universidade. Essa coleta de dados ajuda também a detectar algum problema mais grave na saúde da criança, como de crescimento, desnutrição ou obesidade, “quando detectamos algum desses problemas, a gente consegue orientar os pais em relação a isso, chamar a atenção sobre a situação do filho”, diz Edilson.

A Unioeste com a comunidade

O projeto mostra, por sua vez, a presença e a contribuição da universidade na sociedade., visando à formação educacional e disciplinar das crianças. Cumprindo com seu objetivo, o programa de judô, é muito feliz ao melhorar a inclusão social, fazendo com que os alunos da Unioeste vivenciem essa experiência de ensinar e aprender dessa maneira. “O projeto sempre oportunizou aos acadêmicos a ter uma maior vivência nessa modalidade, na sua formação acadêmica, na proximidade da comunidade geral, também com os pais e responsáveis dos alunos, ajudando a organizar e desenvolver reuniões, tudo isso conta para a formação deles”, completa Edilson.

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