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Em uma semana, Talibã domina 9 das 34 capitais regionais do Afeganistão

Forças do Talibã agora convergem para Mazar-i-Sharif, uma cidade importante no norte do país que eles sitiaram. O governo deverá se esforçar mais para não perder Mazar-i-Sharif.

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Membros do Talibã na cidade de Farah, que eles tomaram das forças de segurança do país, em 11 de agosto de 2021 — Foto: Mohammad Asif Khan/AP
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O Talibã tomou, na noite de terça-feira (10), a cidade de Faizabad, a capital da província de Badakhshan. Em menos de uma semana, os talibãs passaram a controlar 9 capitais provinciais do Afeganistão, de um total de 34.

“Ontem à noite, as forças de segurança que lutaram contra o Talibã por muitos dias estavam sob grande pressão. Eles deixaram Faizabad e se retiraram. Os talibãs agora assumiram o controle da cidade. Os dois lados sofreram muitas perdas”, declarou Zabihullah Attiq, deputado da província de Badakhshan.

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A cidade nunca havia sido conquistada pelos talibãs, mesmo durante sua ascensão ao poder, na década de 1990.

Outra cidade que os talibãs tomaram foi Kunduz. Os insurgentes já tinham controlado a cidade no fim de semana, mas as forças de segurança só entraram o poder ao Talibã na quarta-feira.

Centenas de membros das forças de segurança, derrotados pelos talibãs, se refugiaram no aeroporto de Kunduz no fim de semana. Nesta quarta-feira, eles se renderam e entregaram o equipamento.

Os talibãs já dominam 9 capitais das 34 capitais provinciais do país. Em uma semana, eles conquistaram

  • Zaranj, capital da província de Nimroz, na fronteira com o Irã;
  • Sheberghan, capital da província de Jowzjan
  • Kunduz, ponto estratégico entre Cabul e o Tadjiquistão e capital da província com o mesmo nome;
  • Taloqan, capital da província de Takhar;
  • Sar-e-Pol, capital da província de Sar-e-Pol.
  • Aibak, capital da província de Samangan;
  • Farah, capital da província de Farah;
  • Faizabad, capital de Badakhshan;
  • Pul-e-Khumri, capital de Baghlan

Presidente entra em cena para tentar responder

Nesta quarta-feira, o presidente afegão, Ashraf Ghani, viajou a Mazar-i-Sharif, uma grande cidade no norte do país que sitiada pelo Talibã. Ele vai tentar coordenar a resposta aos insurgentes.

A luta por Mazar-i-Sharif pode ser intensa. A perda de Mazar-i-Sharif seria catastrófica para o governo, que não teria mais controle sobre toda a parte norte do país. Também permitiria ao Talibã desviar seus esforços para outras regiões e talvez até mesmo para a capital Cabul.

O Talibã está convergindo de diversas direções para Mazar-i-Sharif. Os guerrilheiros já atacaram bairros nos arredores da cidade na terça-feira, mas foram repelidos.

EUA frustrados

O governo dos Estados Unidos esconde cada vez menos sua irritação com a fraqueza do exército de Cabul, que os americanos vêm treinando, financiando e equipando há anos. O porta-voz da diplomacia americana, Ned Price, destacou que as forças governamentais eram “muito superiores em número” às do Talibã e que tinham “o potencial de infligir perdas mais importantes”. “Essa ideia de que o avanço do Talibã não pode parar não é a realidade no terreno”, avaliou.

“Não me arrependo da minha decisão” de deixar o Afeganistão, assegurou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, nesta terça-feira. Os afegãos “devem ter vontade de lutar” e “devem lutar por si mesmos, por sua nação”.

Houve um encontro internacional na terça-feira, com representantes do Catar, Estados Unidos, China, Reino Unido, Uzbequistão, Paquistão, Nações Unidas e União Europeia. As negociações foram prolongadas nesta quarta-feira e o enviado americano, Zalmay Khalilzad, deve motivar o Talibã “a cessar sua ofensiva militar e a negociar um acordo político”.

O processo de paz entre o governo afegão e o Talibã foi iniciado em setembro passado no Catar, como parte do acordo alcançado em fevereiro de 2020 entre os insurgentes e Washington, que prevê a saída total de tropas estrangeiras do Afeganistão até 31 de agosto. Mas as discussões estão paradas.

Cenas de horror

A violência obrigou dezenas de milhares de civis a fugir de suas casas em todo o país. O Talibã foi acusado de inúmeras atrocidades em locais sob seu controle.

Abdulmanan, uma pessoa deslocada de Kunduz, conta que presenciou o Talibã decapitar um de seus filhos. “O Talibã agarrou um dos meus filhos pela cabeça, como se ele fosse uma ovelha, eles o decapitaram com uma faca e jogaram sua cabeça para longe. Não sei se seu corpo foi comido por cães ou enterrado”, afirmou.

Em um parque no centro de Cabul, centenas de deslocados dormem no chão. No parque, não há nem dez tendas para abrigar os deslocados, que as reservam para as crianças. A maioria das pessoas não tem nada como abrigo além de alguns panos pendurados nas árvores.

Um dos homens que encontraram refúgio no parque, Friba, de 36 anos, afirmou que cães perambulam ao redor de cadáveres perto da prisão de Kunduz, cidade de onde fugiu com seus seis filhos no domingo.

Nas localidades que conquistaram, os insurgentes foram acusados de cometer crimes de guerra e diversas organizações internacionais, incluindo a ONU, pediram investigações.

Deslocados

De acordo com o governo afegão, 60 mil famílias já foram deslocadas pelos combates nos últimos dois meses e 17 mil foram registradas em Cabul. Ao todo, o Afeganistão tem mais de 5 milhões de deslocados internos, incluindo pelo menos 359 mil que fugiram em 2021, informou a Organização Internacional para as Migrações (OIM), nesta terça-feira.

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