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Vândalos cobrem de tinta branca mural dedicado a mulheres negras em Duque de Caxias

Rostos das homenageadas foram cobertos com tinta branca. Espaço foi inaugurado há pouco mais de um mês

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|Foto: Reprodução/TV Globo|
Gramado Presentes

Vândalos cobriram de tinta branca o Memorial Nossos Passos Vêm de Longe, dedicado a mulheres negras em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Eles usaram a tinta para cobrir os rostos das noves personalidades femininas retratadas no monumento.

“É revoltante. Isso só acontece porque somos mulheres pretas, mulheres de enfrentamento. Isso incomoda os racistas. Mas eles não irão nos silenciar”, afirmou a coordenadora do Movimento Negro Unificado, Fátima Monteiro, uma das homenageadas pelo memorial cujo rosto acabou encoberto.

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O mural conta com os retratos de várias mulheres negras com histórias de luta contra o racismo e o preconceito. Os painéis foram pintados por Rodrigo Maisalto e Kléber Black.

A ambulante Ana Cristina contou que viu quando tudo aconteceu.

“Um carro chegou e um rapaz branco desceu, bem vestido, com um balde, com tinta e um rolo. Pensamos que ele ia fazer um painel, e ele pintou. Ele não conseguiu fazer o restante porque os camelôs o colocaram para correr”, disse Ana Cristina.

Entre as homenageadas estão Maria Conga, mulher escravizada e vinda do Congo, alforriada aos 35 anos, que se tornou símbolo de liberdade durante a escravidão; Mãe Beata de Yemanjá, que morreu aos 86 anos, após uma vida de militância pelos direitos de religiões de matriz africana; e Marielle Franco, vereadora assassinada que tinha em sua pauta política projetos para pessoas negras e moradores de favelas.

Também estão entre as homenageadas: Fátima Monteiro, Dona Leonor, Ana Leone e Nívia Raposo, representantes de lutas pelos direitos humanos.

“Isso é um apagamento da nossa história. É a destruição da memória da luta das mulheres negras. São as mulheres negras que mais morrem, são as mulheres negras que mais perdem seus filhos”, disse a ativista por direitos humanos, Sílvia Mendonça, também retratada no memorial.

A professora Rose Cipriano, outra cujo rosto também está no memorial, afirma que o monumento será restaurado.

“O próximo domingo (25) será o Dia da Mulher Negra, Latina e Americana. Nessa data, vamos estar aqui, no monumento, para fazer um ato de desagravo. Esse ato racista mostra o quanto a história das mulheres negras é atacada”.

Sicredi
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