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Caso Lázaro

Justiça nega liberdade a fazendeiro acusado de ajudar Lázaro Barbosa a fugir da polícia em Goiás

Pedido foi feito por um anônimo. Investigação apontou que ele abrigou Lázaro em sua propriedade. Criminoso era suspeito vários crimes e morreu durante confronto com a polícia.

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Um dos presos suspeito de ajudar Lázaro Barbosa na fuga em Goiás — Foto: Reprodução/TV Globo
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O desembargador Ivo Favaro negou um pedido de liberdade para o fazendeiro Elmi Caetano Evangelista, de 73 anos, denunciado por ajudar Lázaro Barbosa a fugir da polícia em Cocalzinho de Goiás. Lázaro morreu em confronto com policiais, após ser procurado por 20 dias por uma força-tarefa de 270 policiais.

O advogado de defesa do fazendeiro disse que o pedido de habeas corpus (HC) foi feito por um anônimo que não faz parte de sua equipe. A defesa sempre negou envolvimento do cliente com Lázaro. O G1 não localizou a pessoa que entrou com o pedido de habeas.

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O desembargador negou o pedido porque a pessoa apresentou apenas o número de Registro Geral (RG) do fazendeiro e deixou de apensar os dados da investigação.

“Constata-se que o impetrante juntou apenas seu documento pessoal, o que impede analisar o presente”, escreveu o magistrado.

Elmi Caetano está preso desde 24 de junho. A defesa disse que tem um pedido de liberdade a ser analisado, que foi feito em sigilo.

“Friso não ser ônus do julgador, mas do impetrante, anexar a documentação para instruir o feito”, disse o desembargador na decisão.

De acordo com a sentença, publicada em 3 de julho, o autor do pedido alegou que dispensou demais informações porque “o que é público e notório dispensa comprovação”.

Denúncia

A promotora de Justiça Gabriela Starling Jorge Vieira de Mello denunciou o fazendeiro por favorecimento pessoal, que é o crime de ajudar na fuga, e por posse ilegal de arma de fogo. A denúncia ainda não foi aceita pelo Judiciário para que ele se torne réu em ação penal.

Gabriela Starling também requisitou a instauração de investigação complementar do filho de Elmi Caetano, pois há indicativos de sua participação na fuga de Lázaro.

A denúncia foi oferecida à Justiça depois de a Polícia Civil indiciar Elmi Caetano por favorecimento na fuga e posse irregular de arma de fogo. O caseiro que foi preso junto com ele pela mesma suspeita foi inocentado e liberado da prisão.

O MP-GO disse que “ficou claro que ele [caseiro] não tinha domínio, influência ou mesmo consciência clara a atuação dolosa e espúria praticada pelo seu empregador”.

Pistas falsas

Dias antes de ser preso, o fazendeiro abordou o secretário de Secretário Segurança Pública, Rodney Miranda, durante buscas para dar pistas falsas sobre o paradeiro do fugitivo.

Em buscas por matas da região, em 19 de junho, o secretário contou que foi abordado por ele na porta da fazenda. O homem relatou que Lázaro teria fugido para outra propriedade da região, enquanto o abrigava na sua casa.

“Quando eu voltava, um senhor nos parou na porta de uma fazenda, era o Elmi Caetano, me falando que o Lázaro tinha passado na propriedade dele, amassado uma cerca e que estava na propriedade vizinha”, contou Miranda ao Podcast do Fantástico.

Seis dias depois do encontro, o secretário voltou à região, em 24 de junho, para prender duas pessoas suspeitas de ajudar a fuga. Chegando ao portão da fazenda, Miranda relata que se lembrou do local e do fazendeiro.

“No dia da prisão [24], quando estávamos indo para lá, eu entrei no portão e falei: ‘Opa. Eu sei quem é esse sujeito, é o cara que me procurou’. Ele estava fazendo uma contrainformação ali para sentir, e possivelmente, para ‘vazar’ com o sujeito”, ressaltou.

O secretário explicou que a morte de Lázaro não encerra todas as investigações sobre o caso.

“São 30 crimes que são de autoria confirmada dele. Temos oito em aberto, já com todos os indícios que foi ele que cometeu. Temos agora que ver se ele estava indo sozinho, se tem algum coautor nesses crimes ou algum mandante”, disse.

Lázaro Barbosa foi preso com casaco da Polícia Militar do DF — Foto: Arquivo pessoal
Lázaro Barbosa foi preso com casaco da Polícia Militar do DF — Foto: Arquivo pessoal

Relação de proximidade

O depoimento de um major da PM relata que o caseiro revelou uma relação de proximidade entre o fazendeiro e a família de Lázaro. O patrão teria prestado auxílio financeiro aos familiares quando o irmão de Lázaro morreu.

A mãe e o tio do fugitivo já trabalharam para o fazendeiro. No dia em que a polícia conseguiu entrar na casa, um militar viu o nome do tio de Lázaro escrito com tinta numa parede da residência.

Polícia atirou 125 vezes

O boletim de ocorrência revela que os policiais atiraram 125 vezes durante a troca de tiros. A Secretaria Municipal de Saúde de Águas Lindas, onde Lázaro teria sido atendido antes de morrer, informou que ele foi atingido por pelo menos 38 tiros.

O secretário de Segurança afirmou que o suspeito descarregou uma pistola contra os policiais. Com ele, foi encontrado um revólver calibre 38, uma pistola, munições, dinheiro e alimentos.

“Ele descarregou a pistola contra os policiais e não tivemos outra alternativa se não revidar”, afirmou.

Apesar da troca de tiros, nenhum policial foi ferido. O secretário de Segurança Pública detalhou ainda que o suspeito foi socorrido com vida, mas morreu a caminho do hospital.

Rodney Miranda contou sobre o cerco que terminou com o confronto. De acordo com ele, os policiais viraram a madrugada procurando o fugitivo, “até que hoje cedo finalizamos a ocorrência e com todos policias bem e o grande objetivo de não deixar ele machucar mais ninguém”, afirmou.

Arma apreendida com Lázaro Barbosa, em Águas Lindas de Goiás — Foto: Reprodução\Polícia Militar
Arma apreendida com Lázaro Barbosa, em Águas Lindas de Goiás — Foto: Reprodução\Polícia Militar

Buscas por 20 dias

Enquanto fugiu por esses 20 dias dias, Lázaro é suspeito de invadir ao menos 11 fazendas, atirar em moradores, dois policiais militares e um oficial da Força Aérea Brasileira (FAB).

Além disso, Lázaro fez uma família refém – o casal e uma adolescente de 16 anos. Durante o sequestro, as vítimas contaram que o criminoso exigiu que eles andassem em córrego para não deixar rastros. Imagens registraram quando a polícia encontrou os três. Veja vídeo acima.

Drones, helicópteros, rádios comunicadores e até um caminhão que tem plataforma de observação elevada de vídeo monitoramento ajudavam na procura. As autoridades policiais informaram que ele tinha facilidade de se esconder por ser mateiro, caçador e conhecer bem a região.

Cães farejadores também atuaram na caçada ao Lázaro, entre eles, cadela Cristal, que ajudou nas buscas em Brumadinho (MG). Um vídeo divulgado pela Polícia Militar mostra o momento em que um pastor alemão do Comando de Policiamento de Cães (CP Cães) é carregado nas costas por um militar após se ferir durante as buscas.

Durante as buscas, os policiais ainda encontraram um carro queimado e alguns objetos, como um lençol usado e um serrote. Todos os itens passam por perícia para verificar se eles tem relação com Lázaro Barbosa.

O secretário de Segurança Pública informou que Lázaro Barbosa seguia um ritual ao atacar as vítimas.

“Ele leva para beira do rio, manda tirar as roupas e uns ele acaba matando. Acredito que esse seria o destino dessa família hoje”, disse secretário.

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