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Economia

‘Esquema por trás era muito maior’, diz vítima que perdeu quase R$ 1 milhão em caso de desvio de criptomoedas

Segundo a PF, preso em Curitiba nesta segunda (5), suspeito de ser líder do esquema se autointitula como ‘Rei do bitcoin’. Investigações indicam que foram desviados cerca de R$ 1,5 bilhão em criptomoedas, de 7 mil vítimas no Brasil.

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Oito carros foram apreendidos durante a operação da Polícia Federal, em Curitiba — Foto: Divulgação/PF
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Uma das 7 mil vítimas no Brasil do desvio bilionário de criptomoedas, investigado pela Polícia Federal (PF), contou que perdeu quase R$ 1 milhão em quatro meses de investimento. O suspeito de ser líder do esquema se autointitula como “Rei do bitcoin” e foi preso nesta segunda-feira (5), em Curitiba.

“Pessoas que entraram nisso até pela credibilidade que ele demonstrava. Ele fez algumas promessas e não cumpriu com ninguém. Ele dava um pouco de dinheiro para um e para outro que, por pouco tempo, ficava calado ou abafava o caso. Porque, na verdade, hoje a gente vê que o esquema que estava por trás era muito maior”, disse a vítima sobre o suposto líder.

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A vítima, que é de Minas Gerais, não quis se identificar. Ela disse à RPC que, de uma hora para outra, teve os saques bloqueados e tenta, até agora, resgatar o dinheiro do suposto golpe.

De acordo com as investigações, o grupo criminoso teria criado um sistema próprio de criptomoedas, e os investidores negociavam entre as corretoras.

O prejuízo estimado aos investidores pode ter chegado a R$ 1,5 bilhão.

Cláudio Oliveira é investigado como suspeito de liderar o esquema, segundo a polícia. Além dele, outros quatro suspeitos foram presos pela PF, em Curitiba.

A defesa de Cláudio José de Oliveira disse que só irá se manifestar depois de ter acesso integral aos autos, mas esclarece que ele não tentou atrapalhar as investigações e sempre compareceu diante das autoridades competentes.

De acordo com a PF, o “Rei do bitcoin” já fez vítimas na Suíça, Portugal e Estados Unidos.

Claudio Oliveira está sendo investigado por crimes como estelionato, crime contra economia popular e lavagem de dinheiro.

Vítimas

Conforme a investigação, no início do esquema, os lucros pareciam ser bons e, ao acessar o saldo, o investidor imaginava que estava ganhando dinheiro. Entretanto, ao pedir para sacar, havia o limite de R$ 30 mil a R$ 50 mil.

O advogado Gustavo Guedes representa um grupo de 20 pessoas, que juntas tentam recuperar R$ 22 milhões perdidos no esquema .

“São ações já de dois anos, com penhoras realizadas, mas que não chegou ainda a poder reaver. Então o ressarcimento dessas vítimas, infelizmente, é um pouco demorado, mas se espera que com essa operação esse grupo pare de cometer crimes e que essas vítimas sejam indenizadas e ressarcidas pelo prejuízo”, disse.

O suposto chefe do esquema, Cláudio Oliveira, levava uma vida de milionário, com carros esportivos importados e mansões. Para a PF, o estilo de vida era possível por levar o dinheiro das vítimas.

“Uma mera análise fiscal dos investigados em que os valores gastos com produtos, peças de roupas, bolsas, eram enormes, enormes. O que mostrava que o dinheiro dos investidores estava sendo literalmente torrado, de acordo com os desejos e a ganancia dos responsáveis pelo esquema criminoso”, disse o delegado da PF Felipe Hille Pace.

Apreensões

PF fez buscas em mansões ligadas a suspeitos de desvio de R$ 1,5 bilhão
PF fez buscas em mansões ligadas a suspeitos de desvio de R$ 1,5 bilhão

A estimativa inicial da polícia é que os carros, apreendidos nesta segunda, são avaliados em cerca de R$ 2,5 milhões. Além disso, também foram apreendias bolsas, jóias e dinheiro dos suspeitos.

Os mandados foram cumpridos em endereços ligados aos investigados. Em alguns casos, as apreensões aconteceram em mansões e chácaras na região de Curitiba.

De acordo com as investigações, os presos fazem parte de um grupo responsável pelo controle de três corretoras de criptomoedas.

Investigações

As investigações começaram em 2019, após o grupo registrar um boletim de ocorrência afirmando que havia sido vítima de um ataque cibernético. À época, os valores de todos os credores foram bloqueados pela empresa.

Com o passar das investigações e com a falta de colaboração do proprietário da empresa, a Polícia Civil e o Ministério Público do Paraná desconfiaram que o ataque cibernético era falso e que o grupo havia cometido crimes, como estelionato.

Polícia aprendeu dinheiro ao cumprir mandados, em Curitiba — Foto: Polícia Federal
Polícia aprendeu dinheiro ao cumprir mandados, em Curitiba — Foto: Polícia Federal

Após denunciarem o suposto ataque cibernético, o grupo suspeito prometeu aos credores que devolveria os valores bloqueados em parcelas. Apesar disso, segundo a PF, os valores nunca foram quitados.

Ainda em 2019, a Justiça concedeu ao grupo uma ordem de recuperação judicial, o que interrompeu as ações cíveis que a empresa respondia.

Durante o processo, no entanto, segundo a PF, o grupo prestou informações falsas e enganou o Judiciário.

Segundo o delegado que comentou a operação, um dos investigados informou à Justiça que tinha 7 mil criptomoedas. A informação, no entanto, era falsa.

“Ele se valeu do desconhecimento dos operadores do direito sobre o tema”, afirmou o delegado.

Carros de luxo foram apreendidos durante a operação — Foto: Polícia Federal
Carros de luxo foram apreendidos durante a operação — Foto: Polícia Federal

No ano seguinte, as investigações identificaram que o grupo negociava contratos de investimento coletivo sem registro junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Com isso, a PF passou a apurar o caso.

As investigações levantaram a suspeita de que o líder do grupo desviava os valores dos clientes para benefício próprio. Para atrair investidores, os suspeitos ostentavam bens de luxo e faziam grandes eventos.

Conforme a PF, o líder do grupo possui uma condenação na Suíça por crimes de estelionato e falsificação de documentos.

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