Após ‘tsunami’ de lama, 80 pessoas podem estar desaparecidas no Japão

Equipes japonesas prosseguem as buscas por sobreviventes nesta segunda feira (5), dois dias após um “tsunami” de lama devastador varrer uma cidade costeira, matando pelo menos três pessoas e deixando 80 desaparecidos.

Chuvas torrenciais desencadearam o poderoso deslizamento de terra em Atami, província de Shizuoka, cerca de 90 quilômetros a sudoeste de Tóquio. Imagens postadas nas redes sociais mostraram o dilúvio de água negra deslizando de uma montanha e caindo sobre a cidade, destruindo casas em seu caminho enquanto os vizinhos assistiam com horror.

Os esforços de resgate foram intensificados durante o fim de semana, com a polícia, bombeiros e membros das Forças de Autodefesa do Japão se juntando às operações difíceis e, ocasionalmente, traiçoeiras. Outras 13 pessoas foram resgatadas neste domingo (4), disse uma autoridade da cidade de Atami, uma das quais ficou gravemente ferida e morreu mais tarde, elevando o número de mortos para três.

As autoridades locais acrescentaram que 25 sobreviventes foram resgatados, enquanto 80 permanecem desaparecidos. Anteriormente, o número de desaparecidos estava em 113. 

Dentre as pessoas desaparecidas atualmente, é possível que algumas não estivessem na cidade na hora do deslizamento, disse o oficial da cidade. As autoridades estão trabalhando para confirmar seu paradeiro, acrescentou o funcionário.

A segurança de 135 dos 215 residentes de partes atingidas pelo deslizamento de terra do distrito de Izusan, em Atami, foi confirmada, disse o oficial. Yuji Shima, que perdeu sua casa e todos os seus pertences, foi evacuado para a casa de seu amigo junto com sua esposa e mãe.

“O deslizamento de terra parecia um tsunami – foi como uma grande onda que fez um barulho estrondoso e caiu no chão”, disse Shima. “O solo tremeu e os postes de eletricidade tremeram.” Shima acrescentou que havia um “fedor de lama química no ar” quando o deslizamento desabou.

“Tudo aconteceu em uma fração de segundo”, disse ele, acrescentando que priorizou a segurança de sua família antes de qualquer coisa, e não trouxe pertences com ele enquanto fugia de casa.

Mais de 130 casas foram varridas pelo deslizamento de terra, disse a agência de desastres e gerenciamento de incêndios da cidade de Atami. As autoridades começaram a evacuar as pessoas neste sábado (3).

Atami tem, atualmente, três centros para os desabrigados. Dois hotéis particulares da cidade também abrigam 562 pessoas.

Em entrevista coletiva neste domingo, Heita Kawakatsu, governador de Shizuoka, disse que a prefeitura investigará se o deslizamento foi causado pelo desmatamento da área, o que pode ter reduzido a capacidade do solo da montanha de reter água.

O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, expressou suas condolências às vítimas do deslizamento de terra neste sábado e enfatizou que os trabalhadores de emergência estão fazendo o possível para salvar vidas, resgatar pessoas e ajudar nas evacuações.

Suga acrescentou que as fortes chuvas continuariam a afetar várias partes do país e pediu aos cidadãos que verificassem os mapas de perigo em sua área local e prestassem muita atenção às atualizações meteorológicas e às informações de evacuação.

O Japão é propenso a deslizamentos de terra, com média de até 1.500 deslizamentos de terra anualmente na última década – um aumento de quase 50% em comparação com os 10 anos anteriores, de acordo com um relatório do governo japonês de 2020.

Desastres relacionados a enchentes, como deslizamentos de terra, são um risco tradicional, porém sério para o país. Isso porque metade da população japonesa e 75% dos ativos do país estão concentrados em áreas sujeitas a inundações, de acordo com especialistas.