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Vacinação contra covid-19

Voluntária em teste da vacina da Janssen comemora chegada do imunizante ao Brasil: ‘Ciência acontece no nosso dia a dia’

Curitiba teve aproximadamente mil voluntários na fase de testes, necessária para que a Anvisa aprovasse a vacina para uso emergencial. Primeiro lote chegou ao Brasil nesta terça-feira (22).

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Primeiro lote de vacinas da Janssen contra a Covid-19 chega ao Paraná. — Foto: Johnson & Johnson via AP
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A vacina da Janssen contra a Covid-19 chegou ao Brasil nesta terça-feira (22), contudo pode-se dizer que ela estava no Paraná desde o ano passado. Isso porque Curitiba fez parte da terceira fase dos testes do imunizante do braço farmacêutico da Johnson & Johnson, com aproximadamente mil voluntários.

Com todas as outras etapas, os testes ajudaram a garantir que a vacina fosse aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial. Ao todo, no Brasil, 7.560 pessoas participaram da fase 3.

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O imunizante é aplicado em dose única. O Brasil vai receber, ao todo, 3 milhões de doses, que tiveram a validade prorrogada para o início de agosto. No Paraná, as vacinas vão ser usadas para imunizar motoristas de carga, e o estado disse que quer dividir as doses para os municípios. 

Segundo a Janssen, a vacina demonstrou, nos testes apresentados, eficácia de 66% para casos leves e moderados e 85% para casos graves, após 14 dias da aplicação.

Liliam Maria Born Martinelli, de 62 anos, foi uma das pessoas que participou do teste na capital paranaense. A curitibana disse que a cidade fazer parte desse momento é importante.

“Nós temos em Curitiba muita pesquisa sendo produzida. Isso significa que a gente é referência e reforça a necessidade da ciência. Isso é importante para que as pessoas não continuem imaginando que a ciência acontece só lá no laboratório, ela acontece no nosso dia a dia”.

Professora de ensino superior e acostumada com pesquisas, ela disse que o processo foi bem tranquilo e transparente.

“A boa pesquisa nasce da realidade. E tem que ter um bom planejamento e clareza. No primeiro momento eu me senti privilegiada. Não tive medo em momento algum. Quando vi a qualidade das explicações que recebi, me trouxe maior satisfação ainda. Eu tinha certeza de que estava participando de um grupo honesto e cuidadoso”.

'Foi uma alegria sem fim', disse Liliam. — Foto: Arquivo Pessoal
‘Foi uma alegria sem fim’, disse Liliam. — Foto: Arquivo Pessoal

A vacina em Liliam foi aplicada em novembro de 2020. Mas ela não sabia se tinha recebido placebo (que não possui efeito ativo) ou o imunizante mesmo.

Desde que recebeu a vacina, passou a ser monitorada. Ela teve que passar informações sobre os efeitos colaterais, se tinha notado vermelhidão no local da aplicação, se teve alguma reação ou não.

“Tudo que eu sentisse eu deveria informar. Mas não tive nada. O pouco que notei foi uma pequena vermelhidão no local da agulhada, mas nada demais, algo muito leve mesmo. Dois meses depois eu tive um pequeno resfriado, informei também à equipe, mas acredito que nem tenha sido pela vacina”.

Vacina Janssen foi aprovada para uso emergencial no Brasil. — Foto: Divulgação
Vacina Janssen foi aprovada para uso emergencial no Brasil. — Foto: Divulgação

Uso emergencial

Em fevereiro de 2021, a agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos (FDA na sigla em inglês) aprovou a vacina para uso emergencial. Um mês depois, a Anvisa também liberou no Brasil.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou o uso emergencial em todos os países. Segundo a Anvisa, além dos países citados, a vacina da Janssen está autorizada, de forma emergencial ou provisória, em países como Canadá e em regiões da Europa.

Conforme explicou a Anvisa, a vacina foi liberada para uso emergencial e deve ser destinada ao uso em caráter experimental, preferencialmente, em programas de saúde pública do Ministério da Saúde.

A empresa fabricante deve concluir o desenvolvimento clínico do medicamento ou da vacina contra a Covid-19, apresentar os resultados à Anvisa e solicitar o registro sanitário no Brasil, conforme legislação sanitária vigente. Por enquanto, não houve o pedido de registro.

A professora disse que foi no momento da liberação para uso emergencial que ela recebeu a notícia que mais esperava ao longo dos meses de testes.

“Os voluntários foram chamados aos poucos e, quando chegou a minha vez, descobri que eu tinha recebido a vacina. Se tivesse recebido o placebo, seria imunizada naquele momento. Foi uma alegria sem fim”.

Casal participou do teste em Curitiba. — Foto: Arquivo Pessoal
Casal participou do teste em Curitiba. — Foto: Arquivo Pessoal

Emoção compartilhada

O bancário aposentado Carlos Stahlschnidt Maia, 73 anos, participou do teste junto com a esposa Soely Costa Maia, 70. Ao G1, ele contou que os dois receberam, sem saber, o placebo.

“Quando fui vacinado, pensei que poderia ser o placebo. Em março, quando chamaram para contar e vacinar a gente realmente, vi que eu tinha razão”, comentou.

Segundo Carlos, a vacina não trouxe nenhum efeito colateral nem para ele, nem para a esposa.

“Minha esposa teve um pouquinho de dor no braço, mas nada além disso. Em nós só restou a emoção de termos participado de um teste tão importante e sabermos que estávamos imunes”.

Participar do teste, para Carlos, foi gratificante. Conforme o bancário, a melhor parte é saber que a vacina que ele tomaria, no programa de vacinação, ficou para outra pessoa.

“Confesso que sou um voluntário muito partidário da vacina. Sempre fui da opinião da ciência em primeiro lugar. Hoje vejo tudo com muito orgulho, inclusive em saber que outra pessoa vai ficou com a vacina que eu teria direito normalmente. Foi positivo de todos os aspectos”.

Vacina sim

Quando a pergunta é “se vacinar ou não?”, tanto a professora quanto o bancário aposentado demonstraram pensamentos iguais. Eles disseram que ter participado da pesquisa só reforçou o que pensavam sobre o assunto: vacina sim.

“Quando você consegue perceber que você está fazendo algo por você, mas também pelos outros, não tem preço que pague. Pense no outro. Vacina sim, hoje e sempre”, disse Liliam.

Carlos disse que as pessoas não têm do que duvidar. Ele também falou que a vacina acaba sendo mais prática do que as outras.

“Quando você opta por tomar a vacina, você está se protegendo e protegendo outras pessoas também. Além disso, a vacina é dose única, então é ainda mais fácil. Chegando a sua vez, não deixe passar”.

Vacinas contra a Covid-19

Com a chegada da Janssen, o Brasil passa a ter quatro opções de vacinas contra a Covid-19. Os outros três imunizantes aplicados (Pfizer, AstraZeneca e CoronaVac) exigem duas doses para completar a proteção.

No Paraná, conforme anunciou a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), o primeiro lote de vacinas da Janssen vai ser usado para proteger o grupo de trabalhadores do transporte coletivo rodoviário de passageiros, do transporte ferroviário, do transporte aquaviário e caminhoneiros.

De acordo com o Plano Estadual de Vacinação, este grupo é formado por 178,6 mil pessoas.

Ainda não foi definida qual a quantidade de vacinas o Paraná vai receber. O objetivo da Sesa é dividir as doses para as cidades, conforme disse o secretário de saúde Beto Preto.

“Queremos fazer esse esforço atendendo a todo o estado. Nenhum município vai ficar sem as doses, pois a Anvisa ampliou o vencimento. Mesmo que fosse em junho tínhamos capacidade de usar as doses. Vamos pensar com a cabeça no Paraná inteiro e atender a todos os municípios”.

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