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Corpo é encontrado em zona rural de São João do Triunfo, no Paraná, e polícia investiga se é de professor desaparecido

Professor, homossexual e ativista ligado ao MST, desapareceu na sexta-feira (30). Corpo carbonizado foi encontrado no sábado (1º) e Polícia Civil apura ligação entre as duas situações.

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Carro queimado com corpo dentro foi encontrado no sábado (1º). — Foto: Colaboração/APP Sindicato
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A Polícia Civil está investigando o desaparecimento do ativista e professor Lindolfo Kosmaski, de 25 anos, em São João do Triunfo, no sul do Paraná. Ele foi visto pela última vez na sexta-feira (30) e no sábado (1º) um corpo foi encontrado queimado dentro de um carro, na zona rural da cidade.

A APP Sindicato, que representa os professores estaduais, afirma que o carro encontrado queimado era de Lindolfo. A Polícia Civil apura a ligação entre as duas situações.

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O delegado Michel Leite Pereira da Silva, responsável pelas investigações, contou que a equipe soube primeiro do carro queimado. A informação era a de que o veículo havia se envolvido em um acidente.

“Ao chegarmos, descartamos a hipótese de acidente, uma vez que, no banco do passageiro, na frente, foi encontrado um corpo carbonizado”.

Logo depois, os policiais foram informados do desaparecimento de Lindolfo. Imediatamente, o delegado disse ter ligado uma situação a outra.

“Considerando as circunstâncias, julgamos que poderia se tratar do ativista, só que essa certeza só pode ser dada com exame de DNA. O material foi colhido e aguardamos o resultado”.

O corpo foi liberado com autorização judicial para ser sepultado. Enquanto aguarda o laudo, com o resultado do exame, a Polícia Civil começou a investigar o crime.

“Já temos uma linha investigativa. Inicialmente, não trabalhamos com a hipótese de crime motivado por homofobia, mas não descartamos, uma vez que as investigações estão iniciais. Não temos ainda certezas, nem podemos descartar hipóteses”, comentou o delegado.

O desaparecimento de Lindolfo e o carro queimado com o corpo dentro, chocaram a cidade de São João do Triunfo, que tem pouco mais de 15 mil habitantes. O delegado disse que o crime não vai passar despercebido.

“É um caso que espanta, não é comum, e deixou a todos assustados. Montamos uma força-tarefa para solucionar o caso com agilidade. Queremos saber qual foi o caminho percorrido, o que aconteceu, qual foi a motivação, e identificar o autor”.

Lindolfo era homossexual e ativista ligado ao MST. — Foto: Divulgação/MST

Lindolfo era homossexual e ativista ligado ao MST. — Foto: Divulgação/MST

Sindicato afirma assassinato

O professor Hermes Leão, presidente da APP Sindicato, esteve na cidade. Segundo ele, não há dúvidas de que Lindolfo tenha sido assassinado.

“Nosso jovem professor PSS foi amarrado no banco do carro. Colocaram fogo no veículo, que era dele, tinha recém adquirido depois de muita luta. Foi incendiado, sem qualquer chance de defesa”, disse.

Hermes contou que passou a tarde de sábado com a família de Lindolfo.

“A família tem uma percepção de que ele pode ter sido vítima de uma emboscada. O sofrimento é inenarrável”.

Segundo o presidente da APP, o corpo do ativista foi sepultamento nesta segunda-feira (3), no Cemitério de Vila Palmira, em São João do Triunfo.

Por conta do crime, a APP Sindicato planeja um protesto para o próximo sábado (8), no local onde o carro foi encontrado pela polícia.

“Estaremos acompanhando os trabalhos de investigação para que o ou os responsáveis por essa barbárie sejam devidamente punidos. A cena do crime é de filme de horror”, disse Hermes.

Corpo e o carro foram achados em uma região rural da cidade. — Foto: Colaboração/APP Sindicato

Corpo e o carro foram achados em uma região rural da cidade. — Foto: Colaboração/APP Sindicato

Rigor nas investigações

Segundo o Movimento Sem Terra (MST), Lindolfo era homossexual, morava com a família, atuava como professor no Colégio Estadual Francisco Neves Filho e envolvido com a luta dos pequenos agricultores. Em 2020, nas eleições municipais, saiu candidato a vereador, mas não foi eleito.

Em nota, a Escola Latina Americana de Agroecologia, onde Lindolfo foi estudante, lamentou com profunda dor e indignação o assassinato.

“Ele foi brutalmente assinado com dois tiros e teve seu corpo carbonizado”, disse a nota.

Segundo a escola, indícios apontam que o crime aconteceu por homofobia, por ele ser gay assumido.

“Nos solidarizamos com sua família e exigimos investigação e punição aos assassinos”, finalizou a nota.

Também em nota, o Partido dos Trabalhadores (PT) lamentou a morte, disse acreditar que o crime aconteceu pela orientação sexual de Lindolfo e cobrou rigor nas investigações.

“LGBTfobia é crime e interrompe trajetórias como a de Lindolfo, em uma sociedade democrática e de direito não há espaço para barbárie, ódio e intolerância”, disse o PT.

Com informações de G1 Paraná

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