Fale com a gente
Gramado Presentes

Política

Pressão política atrasa vacinação de idosos no Brasil, diz pesquisa da USP

De acordo com os dados do estudo, nem os idosos com mais de 80 anos foram totalmente vacinados: 87% deles receberam a primeira dose e 66% ainda aguardam a segunda

Publicado

em

Martin Luther – Enem

A pressão política e econômica é a razão apontada por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) e UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) para acusar a “preocupante” demora na vacinação de idosos no Brasil três meses após seu início no país.

De acordo com os dados do estudo, nem os idosos com mais de 80 anos foram totalmente vacinados: 87% deles receberam a primeira dose e 66% ainda aguardam a segunda.

Portal Facebook

Procurado para comentar os resultados da pesquisa, o Ministério da Saúde ainda não respondeu a reportagem.

Entre os idosos com idade entre 70 e 79 anos, a média brasileira é de 77% de imunizados com a primeira dose e de apenas 19% com a segunda. Já entre aqueles com idade de 60 a 69 anos os imunizados não passam de 29% —2% receberam a segunda dose.

Embora esta seja a média nacional, a situação é dramática em algumas unidades da federação. O Rio de Janeiro, por exemplo, aplicou a primeira dose em apenas 74% dos idosos com mais de 80 anos, “população menos numerosa e convocada prioritariamente”, lembra o estudo.

No Paraná e Sergipe, só 71% daqueles entre 70 e 79 anos foram vacinados e 18% dos idosos de 60 a 69 anos receberam uma vacina em São Paulo.

Os trabalhadores de Saúde (80% primeira dose, 45% a segunda) e povos indígenas vivendo em suas terras (69% primeira dose, 47% a segunda) também fazem parte dos grupos prioritários ainda não totalmente vacinados. Entre Quilombolas e comunidades tracionais esses índices caem para 14% e 1%, respectivamente.

Pressão política

De acordo com os pesquisadores, a vacinação no Brasil é lenta mesmo entre o grupo prioritário em razão de pressões sofridas pelo governo federal, que cede.

Eles citam que “em contexto de insuficiência de vacinas, os critérios de priorização adotados pela maioria dos países focam na diminuição da mortalidade” e, por isso, “têm sido priorizados os trabalhadores da saúde (…) idosos, pessoas com comorbidades e grupos em extrema vulnerabilidade”.

No Brasil, o Ministério da Saúde incluiu mais de 77 milhões de pessoas nos grupos populacionais prioritários a serem vacinados. Este número vem aumentando constantemente por pressões políticas e corporativas, acrescentando demandas a uma oferta notoriamente escassa de vacinas
Pesquisada da USP E UFRJ

“Enquanto a entrega de doses vem sendo constantemente revisada para menos, a cada dia é definido um grupo prioritário a mais”, afirmou ao UOL o pesquisador Mário Scheffer, professor de Medicina Preventiva da USP. “A fila vai engrossando, há desde pressões políticas até pressão justa de categorias profissionais. Mas infelizmente ainda não há vacinas para atender tantas novas inclusões.”

“Novos grupos vêm sendo convocados, sem que a população anterior tenha sido imunizada. Isso protege individualmente cada um que toma a vacina mas não garante a proteção coletiva nem mesmo dentro de cada grupo prioritário”, diz o professor.

O estudo critica ainda a ausência de metas de vacinação pelo Ministério da Saúde.

“Em muitos países, autoridades governamentais divulgam como rotina as metas de cobertura”, continuam os pesquisadores. “No Brasil, o indicador vem sendo equivocadamente considerado irrelevante.”

“Doses distribuídas e administradas são informações fundamentais, mas só fazem sentido como estratégia de enfrentamento da pandemia se forem acompanhadas por coberturas definidas e metas alcançadas”, diz o texto.

FONTE: UOL

Tic Tac
Continue Lendo

Doce Arte
Doce Arte