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Surpresa na liderança do 1º turno no Peru, esquerdista Pedro Castillo responde a anseios do interior do país

Professor e sindicalista de 51 anos promete maior interferência do Estado na economia e já falou em fechar a mais alta corte peruana. Socialmente, ele tem posições conservadoras, sendo contrário ao direito ao aborto, por exemplo.

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O candidato à presidência peruana Pedro Castillo fala em comício em Lima, em 8 de abril — Foto: Gian Masko/AFP
Rui Barbosa

Com a vaga no segundo turno praticamente garantida de acordo com a apuração da eleição presidencial no Peru, o professor de esquerda Pedro Castillo, que surpreendeu ao assumir a dianteira de um pleito com eleitorado muito fragmentado, aguarda o término da contagem para saber quem irá enfrentar na próxima etapa.

Com 84% das urnas apuradas, ele tem a 18,4% dos votos, contra 13,2% da segunda colocada por enquanto, a conservadora populista Keiko Fujimori, que disputa a outra vaga com outros dois candidatos de direita, o economista Hernando de Soto e o ultraconservador Rafael López Aliaga.

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Situação difícil

O presidente que emerge das urnas tomará posse no dia 28 de julho, dia em que o Peru comemora o bicentenário de sua independência, e terá o desafio de superar uma emergência de saúde, com números recordes de infecções e mortes por Covid nos últimos dias, uma profunda recessão econômica e forte crise política em um país de 33 milhões de pessoas.

Pedro Castillo após votar na cidade de Cajamarca, no Peru, em 11 de abril de 2021 — Foto: Divulgação/ Vidal Tarqui/Reuters

Pedro Castillo após votar na cidade de Cajamarca, no Peru, em 11 de abril de 2021 — Foto: Divulgação/ Vidal Tarqui/Reuters

Castillo, de 51 anos, foi uma grande surpresa no primeiro turno das eleições presidenciais no Peru, um país com eleitores profundamente decepcionados com seus políticos tradicionais.

Fechar tribunal

O candidato prometeu desativar o Tribunal Constitucional, a mais alta corte do país, porque afirma que ela defende a “grande corrupção” e há poucos dias argumentou que caso se torne presidente fecharia também o Congresso se este não aceitar seus planos, embora depois tenha sido mais moderado dizendo que essa decisão passa pela aprovação da população.

Mas Castillo é muito conservador socialmente: se recusa a legalizar o aborto, é contra o “enfoque de gênero” na educação e tem relutado em reconhecer os direitos das minorias sexuais.

O candidato nasceu na pequena cidade andina de Puña, na província de Chota, onde os moradores costumam usar chapéu de aba larga, como Castillo usava em suas viagens e até mesmo no único debate presidencial realizado nesta campanha. Também dirigente sindical, ele foi votar a cavalo no domingo na região andina de Cajamarca, onde reside.

O Peru está numa fase de forte descontentamento entre os cidadãos mais pobres, principalmente do interior do país, historicamente esquecidos pelo centralismo da capital, segundo analistas. As promessas da tímida campanha de Castillo incluem a redação de uma nova Constituição para enfraquecer a elite empresarial e dar ao Estado um papel mais dominante na economia.

Redução de salários

Castillo promete também acabar com a corrupção que assolou a presidência do Peru nos últimos anos, além de reduzir o salário dos funcionários públicos e renegociar contratos com empresas extrativistas para obter mais benefícios para a população. O Peru é o segundo maior produtor mundial de cobre.

“Tem sido dito que apenas cientistas políticos ou aqueles com grandes pergaminhos podem liderar um país, e décadas se passaram, décadas, e veja como eles deixaram o país”, disse Castillo no domingo após receber os primeiros resultados da votação.

Castillo representa o partido Peru Libre, grupo liderado pelo ex-chefe da região andina de Junín, Vladimir Cerrón, um político polêmico que foi suspenso do cargo por abuso de poder.

O candidato ficou conhecido no cenário nacional em 2017, após liderar uma greve de professores de quase três meses exigindo aumento de salários dos professores. Agora, em sua campanha, ele prometeu um aumento para professores públicos.

“Desejo saudar os povos mais esquecidos do meu país, saudar os homens e mulheres que estão nos rincões do país, saudar aqueles que estão nas fronteiras do país, onde não há presença do Estado”, disse Castillo. “Hoje o povo peruano acaba de tirar a venda.”

Com informações de G1 Mundo

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