Policial e Trânsito
Paraná tem 42 mil furtos em 3 meses, e vítimas relatam dor de perder bens de valor emocional
Dados da Sesp mostram ocorrências do primeiro trimestre deste ano
Um amor imenso representado por um pingente. Esta foi uma das formas encontradas pelos pais da curitibana Caroline Cardoso Mannah de eternizar a relação da família quando o casal comemorou 30 anos de matrimônio, em 2019.
As duas alianças foram derretidas para formar o pingente de um coração com um símbolo do infinito. Significados escritos e explicados em uma carta feita à mão pelo pai da professora de inglês.
Segundo Caroline, a corrente não saía do pescoço. Até que no dia 13 de maio deste ano, em Curitiba, ela conta que voltava a pé para casa quando um adolescente arrancou o colar do pescoço dela, no bairro Água Verde.
“Foi um desespero total, eu fiquei muito triste, só chorava. Passei o fim de semana me culpando, chorando porque a correntinha representava o amor da nossa família. Quando [os pais] entregaram a cartinha foi tudo muito bonito, não existia amor maior que aquilo”, desabafou.
Só no primeiro trimestre deste ano, o Paraná registrou 42.145 furtos e 6.181 roubos. Os dados são da Secretaria da Segurança Pública do Paraná. No mesmo período do ano anterior, foram registrados 37.372 furtos e 6.908 roubos.
Sobre a recuperação de objetos furtados ou roubados, a secretaria afirmou não fazer esse tipo de levantamento.
Tentativa de recuperar o colar
Caroline afirma que chegou a correr atrás do suspeito e contou com a ajuda de pessoas que passavam pelo local para alcançá-lo. Ele foi parado por um motociclista e levado para um local enquanto Caroline aguardava a chegada da polícia.
Quando os policiais apareceram, um boletim de ocorrência foi feito registrando “possível furto”, mas o jovem foi liberado por ser menor de idade.
Segundo Carol, ele não devolveu a corrente com o pingente apesar dos pedidos e disse a ela que havia jogado o item durante a corrida. Até a publicação desta reportagem, ela não havia reencontrado o objeto.
“É triste, né, porque não é o valor monetário, mas tinha um valor sentimental gigante. Eu queria manter aquela corrente com o pingente para sempre na minha família eternizando o amor que temos. Então é triste, eu pensava que ele podia ter levado meu celular, carteira, mas a corrente…”, contou.
Segundo Caroline, o pai acompanhou toda a situação do roubo por telefone. Isso porque ela estava falando com ele no momento em que teve a corrente levada.
“Ele pegou um carro por aplicativo e foi lá me ajudar e me acalmar. Levou um susto quando me ouviu gritar pelo telefone, se preocupou. Ele e minha mãe tentaram me tranquilizar durante todo o fim de semana, que não era culpa minha, e que era para eu ficar bem”, relembrou.
Dor de uma mãe
Para Maria de Fátima Oliveira, que perdeu o filho em um acidente de bicicleta na canaleta de ônibus em Curitiba, o furto de um monumento em homenagem ao adolescente tirou o sono e a fome da mãe.
“Foi horrível o que fizeram. Respeito algum, empatia, nada. Não sei como alguém é tão ruim a ponto de ter coragem de fazer isso, tinha foto explicando o que aquilo significava. Eu estou até sem comer direito, sem dormir por causa disso”, lamentou.
Próximo ao local onde o jovem de 15 anos foi atropelado por um biarticulado, a família colocou a bicicleta, flores e uma foto da vítima para eternizar a memória.
Dali, foi levada a bicicleta e, tempos depois, os criminosos também levaram a roda que ficava parafusada a uma pedra. Veja, abaixo, como ficou o local.
Ela contou que a família buscou a bicicleta em vários locais, inclusive em ferros-velhos próximos ao local, mas o veículo nunca foi localizado.
Procurada, a Prefeitura de Curitiba afirmou que “não há autorização para esse tipo de intervenção”.