Economia
Auxiliares de Bolsonaro preparam discurso para 2022 se Brasil superar EUA em mortos pela Covid
Para lidar com o título de país com o maior número de mortos pela covid-19, as estratégias ainda estão sobre a mesa
Há dois números que assessores do presidente Jair Bolsonaro acompanham de perto, já de olho no impacto que terão na corrida eleitoral de 2022. Ambos dizem respeito à pandemia e são uma comparação com os Estados Unidos.
O primeiro é o total de mortes por Covid-19. Mesmo auxiliares mais otimistas já reconhecem que o Brasil ultrapassará, em pouco tempo, a trágica marca de país com maior número de mortos pela Covid-19.
Segundo levantamento do Our World in Data, os EUA contabilizam atualmente 621,6 mil mortes, em uma população total de 328,2 milhões de pessoas. O Brasil já chegou a 569 mil – com uma uma população bem menor, de 211 milhões.
O segundo número é o percentual da população vacinada nos dois países. O Our World in Data mostra que 59,32% da população dos EUA já está imunizada com pelo menos uma dose e 50,34% estão completamente vacinados, com as duas doses. No Brasil, 56,36% já tomaram pelo menos uma dose – mas o percentual de pessoas completamente imunizados é ainda baixo: 23,35%.
No Brasil, ainda há falta de doses das vacinas. Nos EUA, sobram.
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— Portal Rondon (@portalrondon) August 16, 2021
O otimismo de quem já pensa em comemorar o percentual de vacinados maior no Brasil tem base nas informações que mostram que os brasileiros querem se vacinar – segundo pesquisa recente do Datafolha, 94% desejam se imunizar.
Nos EUA, há uma parcela da população que resiste à vacinação, em especial em estados do Sul, o que tem feito o número de casos da doença voltar a subir.
Apesar de ter atrasado a compra de vacinas e ignorado em 2020 pedidos de fabricantes de vacinas, como a Pfizer – sem falar no fato de o presidente Jair Bolsonaro ainda não ter se vacinado – o governo tentará tirar proveito da ampla vacinação da população nas eleições do próximo ano.
Para lidar com o título de país com o maior número de mortos pela covid-19, as estratégias ainda estão sobre a mesa.
Entre essas estratégias, estão questionar os dados – como fez o presidente ao divulgar um relatório falso, que atribuiu ao Tribunal de Contas da União, que jogava dúvida sobre os números de mortos pela Covid-19 – ou afirmar que os governos estaduais sempre tiveram interesse em inflar mortes para obter mais recursos do governo federal.