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Trump pressionou Departamento de Justiça dos EUA para alegar corrupção na eleição, diz jornal

‘Deixe o resto comigo’ e com os aliados no Congresso, teria dito o então presidente americano, segundo o ‘New York Times’. Trump perdeu a disputa para para o atual presidente, Joe Biden.

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O secretário de Estado Mike Pompeo e o conselheiro da Casa Branca Jared Kushner aplaudem enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, conversa ao telefone com os líderes de Israel e Sudão sobre a decisão de os dois países normalizarem suas relações em dezembro de 2020 — Foto: Carlos Barria/Reuters
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O então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pressionou o Departamento de Justiça americano no fim do ano passado a declarar que a eleição foi “corrupta”, embora não houvessem casos de fraude generalizada, revelou nesta sexta-feira (30) o jornal “The New York Times”.

A intenção de Trump era usar a afirmação para, junto aos seus aliados no Congresso, tentar reverter a derrota sofrida para o atual presidente americano, Joe Biden. O jornal diz ter publicado a informação com base em documentos fornecidos a parlamentares e obtidos pela repórter Katie Benner.

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O Departamento de Justiça entregou documentos ao Comitê de Supervisão e Reforma da Câmara, que está investigando os esforços do governo Trump para reverter ilegalmente o resultado da eleição.

Durante um telefonema em 27 de dezembro de 2020, Trump teria pressionado o então procurador-geral interino, Jeffrey A. Rosen, e seu vice, Richard P. Donoghue, sobre as alegações de fraude eleitoral que o departamento havia refutado.

Nos EUA, o procurador-geral tem atribuições equivalentes a dos cargos de ministro da Justiça e de procurador-geral da República no Brasil.

Segundo o jornal, Donoghue advertiu que o Departamento de Justiça não tinha poder para alterar o resultado da eleição. Trump respondeu que não esperava isso, de acordo com notas que o vice-procurador-geral fez para lembrar a conversa, mas afirmou:

“Basta dizer que a eleição foi corrupta e deixar o resto para mim e para os congressistas do R”, escreveu o vice-procurador-geral ao resumir a resposta de Trump. R seria uma abreviação de Partido Republicano.

Sem evidências de fraude

Semanas antes, o então procurador-geral americano, William Barr, havia dito que o Departamento de Justiça não tinha encontrado nenhuma evidência de fraude na eleição.

Barr afirmou que “investigações feitas por procuradores federais e agentes do FBI não encontraram evidências de fraude eleitoral generalizada que pudessem mudar o resultado da eleição”.

Barr renunciou dias após a declaração e antes do telefonema de Trump. Ele deixou em seu lugar Jeffrey Rosen, que ocupou o cargo interinamente até o fim do governo, em 20 de janeiro deste ano — inclusive durante a invasão de apoiadores de Trump ao Capitólio.

Jon Schaffer entre os apoiadores de Donald Trump durante invasão ao Capitólio. — Foto: ROBERTO SCHMIDT / AFP
Jon Schaffer entre os apoiadores de Donald Trump durante invasão ao Capitólio. — Foto: ROBERTO SCHMIDT / AFP

Deslegitimar a eleição

“As demandas foram um exemplo extraordinário de um presidente interferindo em uma agência que normalmente é mais independente da Casa Branca”, escreve o NYT. “São o exemplo mais recente da ampla campanha de Trump, durante suas últimas semanas no cargo, para deslegitimar a eleição”.

O então presidente americano se recusou a reconhecer a derrota na eleição e afirmou que Biden “ganhou porque a eleição foi fraudada”. Trump alegava “eleições corrompidas” e tentou sem sucesso reverter sua derrota em vários estados, como Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada e Pensilvânia.

Em sua investigação sobre as eleições, o Departamento de Justiça americano descobriu que:

  • A taxa de erro na contagem dos votos em Michigan era de 0,0063%, não os 68% que Trump alegava;
  • Não havia evidências de que era verdadeira uma teoria da conspiração de que um funcionário na Pensilvânia havia adulterado as cédulas;
  • Após examinar um vídeo e entrevistar testemunhas, o departamento não encontrou evidências de fraude eleitoral no condado de Fulton, na Geórgia.

“Essas notas manuscritas mostram que o presidente Trump instruiu diretamente a principal agência de aplicação da lei de nosso país a tomar medidas para derrubar uma eleição livre e justa nos últimos dias de sua presidência”, afirmou Carolyn Maloney, deputada democrata de Nova York que preside o Comitê de Supervisão e Reforma da Câmara.

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