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Organização indígena do Canadá revela 182 covas não identificadas em antigo internato; mais de 1 mil foram descobertas nos últimos 30 dias
Na semana passada, 751 valas foram descobertas em instituição similar. Buscas começaram após a descoberta de restos mortais de 215 crianças indígenas em escola desativada.
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A principal organização indígena do Canadá encontrou 182 covas não identificadas no terreno de mais um antigo internato na província de Colúmbia Britânica, segundo informaram nesta quarta-feira (30).
Até o momento, ao menos 1.148 valas já foram identificadas em instituições de ensino do governo canadense para alunos indígenas, administradas pela Igreja Católica por mais de 1 século.
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Na semana passada, 751 covas foram descobertas em instituição similar. As buscas começaram após a um pesquisador identificar os restos mortais de 215 crianças indígenas em uma escola desativada.
Ainda não está claro a quem pertenceriam os restos mortais das mais de 1 mil covas encontradas nos últimos 30 dias e se eles pertenciam todos a crianças.
Desde a descoberta das 215 crianças enterradas, a organização indígena First Nation passou a buscar por mais “cemitérios escondidos” com o uso de equipamentos de radar.
Um relatório completo com abusos e novas descobertas deve ser divulgado no início de julho, segundo organizações indígenas do país.
Instituições para indígenas
Os vestígios encontrados nos internatos desativados expõem uma história de abusos contra a população indígena do Canadá.
Por mais de um século, o governo do país norte-americano administrou, com o apoio da Igreja Católica, colégios para integrar os indígenas à sociedade.
Eles fazia parte do Sistema Escolar de Residências Indígenas do Canadá, que tinha 130 internatos em todo o país.
Nos locais há relatos de todos os tipos de abusos, com punições físicas. As crianças eram proibidas de falar sua língua ou praticar a cultura de seus povos.
![Placa na entrada da antiga Escola Residencial Kamloops Indian, em British Columbia, no Canadá — Foto: Andrew Snucins/The Canadian Press via AP](https://i0.wp.com/s2.glbimg.com/npBXaWDy5FqjeZO38576nvGMBa8=/0x0:1700x1065/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2021/D/s/BeaYK6TYKaXdckjn0AJw/ap21148637343719.jpg?w=740&ssl=1)
Se insistissem em não falar inglês ou francês, podiam ter a boca lavada com sabão, segundo contam alguns dos nativos que foram forçados a frequentar esse tipo de instituição.
Estimativas de entidades de direitos indígenas falam em mais de 6 mil mortos em instituições de ensino do tipo.
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, chamou a situação de “capítulo vergonhoso da história do país” em um pronunciamento no mês passado.
Ele também pediu que a Igreja Católica reconhecesse “responsabilidade” e “parte da culpa” na gestão dos internatos.
O Papa Francisco expressou sua “dor” e pediu que autoridades políticas e religiosas trabalhem juntas para lançar luz sobre o caso, mas não se desculpou sobre a participação da Igreja.
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