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O dólar pode voltar para a casa dos R$ 4? Depende do governo

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O dólar teve um ano de fortes emoções em 2020. Se no início de janeiro a moeda americana estava valendo R$ 4, dois meses depois ultrapassou a barreira dos R$ 5 pela primeira vez na história. Em maio, chegou a ultrapassar os R$ 5,90. Detalhe: no próprio mês de março, o ministro da Economia, Paulo Guedes, havia afirmado que se o governo fizesse muita ‘besteira’ o dólar iria a R$ 5.

Vários fatores contribuíram para isso: a pandemia, a falta das reformas fiscais no Brasil e a queda de juros para a mínima histórica por aqui. Agora, fica a pergunta: como o dólar vai ficar em 2021? Com a crescente expectativa de vacinação e a aproximação do novo ano, será que a moeda americana cai?

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Segundo o último Boletim Focus divulgado pelo Banco Central no ano, a moeda americana deve terminar o ano de 2021 em R$ 5. Mas é bom lembrar que, no fim de 2019, ninguém esperava que o dólar chegasse a esse patamar.

Mas por que essa imprecisão acontece?

Primeiro, é importante destacar que como o câmbio leva em conta duas variáveis: o dólar e o real. Logo, ambas podem sofrer impactos distintos e ao mesmo tempo e fazer a previsão é algo extremamente difícil para qualquer economista.

Diversos fatores podem impactar as moedas, como as taxas de juros no Brasil e nos EUA, preços de matérias-primas e até mesmo questões políticas.

Não por acaso, Edmar Bacha, um dos criadores do Plano Real, afirmou certa vez que “a taxa de câmbio foi criada por Deus apenas para humilhar os economistas”.

Para 2021, ainda podemos somar o efeito da pandemia, que ainda está longe do fim. Segundo Emerson Marçal, coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da Fundação Getulio Vargas, a vacinação mundial seria um fator determinante para a redução do risco global e brasileiro.

Isso poderia fazer com que o dólar, considerado um ativo de proteção, perdesse força, pois os investidores ficariam menos receosos com o futuro.

No entanto, o cenário ainda é de incertezas por aqui já que o Brasil não tem uma data exata para o início do programa de vacinação.

Reformas

Para além da vacinação, outro fator que poderia reduzir o valor do dólar em relação ao real seria a aprovação de reformas fiscais por aqui.

O mercado espera que avancem no Congresso temas como a PEC Emergencial, as reformas administrativa e tributária e a aprovação do Orçamento (que deveria ter acontecido já há algum tempo), além de que seja respeitado o Teto de Gastos – que é aquela regra que permite que o governo apenas gaste o que gastou no ano passado mais a inflação do período.

Segundo o economista Felipe Camargo, da Oxford Economics, qualquer avanço na proposta de reformas seria um bom indicativo para reduzir a pressão do dólar e levá-lo para o patamar entre R$ 4,90 e R$ 5,10.

“O contrário, naturalmente, vale também. É possível que o dólar se afaste ainda mais desse valor justo se o Governo falhar em apresentar perspectivas de reformas.”

Não por acaso, as estimativas do banco Santander, o dólar pode recuar para R$ 4,60 ou subir para R$ 6,70. Quem vai definir a direção, para cima ou para baixo, é o governo (e o Congresso).

Lá fora

Os Estados Unidos, claro, também são parte importante para sabermos quanto vamos pagar no dólar no ano que vem.

Em janeiro, Joe Biden assumirá o lugar que é hoje de Donald Trump e se espera que os conflitos internacionais, especialmente com a China, deem uma diminuída. Logo, com menos tensões, o dólar tende a perder força

O democrata também deve ser mais propenso a gastos públicos para estimular a economia. Biden quer investir mais em políticas sociais, especialmente na área de saúde. Como ele vai pagar tudo isso? Provavelmente, aumentando impostos. Logo, isso pode diminuir o ímpeto da procura pela moeda americana, o que faria ela desvalorizar.

Investimento

Apesar de tantas incertezas, será que ainda vale a pena apostar em investimentos atrelados ao dólar? Para Camargo, da Oxford, estar exposto a investimentos em dólar é sempre positivo como uma forma de complementar a sua carteira.

Ele dá exemplos de investimentos que estão atrelados ao índice S&P 500, o principal da bolsa de Nova York, que ultimamente tem batido recordes históricos nos Estados Unidos.

“Estar exposto à bolsa americana e ao dólar ao mesmo tempo te protege tanto de efeitos adversos domésticos (de risco dentro do Brasil) quanto potencializa ganhos se o mercado de renda variável internacional vai bem”, diz ele. Como a maioria dos especialistas afirma: o importante é a diversificação.

 

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Marcia Tojal, colaboração para CNN Brasil Business

 

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